Forte modal da economia capixaba, representando 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo, o setor de rochas projeta superar a marca de US$ 1,5 bilhão (R$ 9,06 bilhões) em exportações nos próximos anos, contando com a resolução de gargalos logísticos. A meta é passar o valor de US$ 1,2 bilhão (R$ 7,2 bilhões) projetados para o encerramento de 2024 com a venda de pedras como mármore e granito.
Segundo Tales Machado, presidente do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas), o aumento de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,8 bilhão) deve começar a ser visto após a superação de problemas em gargalos logísticos no Estado.
“O Espírito Santo não tem um porto de águas profundas e ainda não tem a possibilidade de embarcar grandes navios vindos diretamente dos Estados Unidos, por exemplo. Somos dependentes de cabotagem (transporte marítimo entre portos nacionais), o que atrasa o tempo de entrega e aumenta o custo de produtos e processos. Porém, para superar isso, temos esforços, como o início da operação do Porto da Imetame, em Aracruz, e o começo das obras do Porto Central, em Presidente Kennedy, que podem melhorar as expectativas de exportação, rompendo, num futuro próximo, os US$ 1,2 bilhão que temos hoje”, projeta Tales.
Segundo o presidente da Centrorochas, os números podem ser ainda maiores nos próximos anos, já que, além das questões de infraestrutura, o setor de rochas tem buscado um novo posicionamento diante do mercado para garantir melhores negócios, não se atendo apenas aos contatos de empresas com empresas, mas também dando maior atenção ao público consumidor.
“O setor de rochas nunca se comunicou muito bem com seus clientes e, agora, estamos adotando uma postura de aproximação e conexão com arquitetos e designers, por exemplo. Esse movimento faz com que o setor passe informações positivas das rochas naturais para garantir mais clareza sobre o potencial que têm no mercado”, detalha Tales.
Ainda segundo ele, o setor também tem investido em práticas sustentáveis para aumentar o cuidado com o meio ambiente e com os envolvidos nos processos de extração das rochas.
“Iniciamos um estudo que mede a emissão de carbono em toda a cadeia. Com um investimento superior a R$ 1 milhão, contamos com recursos do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) para tornar o setor ainda mais sustentável, desde a extração até o transporte e a exportação”, explica Tales, salientando ainda outro estudo que permite o uso dos resíduos da extração de rocha como subprodutos em outros materiais.
O Espírito Santo já detém o título de maior exportador de rochas ornamentais do Brasil. Nos últimos dez anos, foi responsável por mais de 90% das exportações de rochas ornamentais trabalhadas do país. Somente em 2023, segundo o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), o Estado exportou, em volume, 1,3 milhão de toneladas líquidas de rochas brutas e ornamentais trabalhadas.
Segundo Fábio Rocha, vice-presidente do Centrorochas e fundador da Cruzzto, empresa exportadora de rochas, o movimento de comunicação com o mercado e a melhoria dos gargalos logísticos não são processos rápidos e simples para a melhoria do volume de exportação. Entretanto, o potencial já comprovado da produção capixaba pode superar os desafios com êxito.
“O setor vai se comunicar mais, saindo apenas do B2B (negócios de empresa para empresa). Vai aprimorar sua logística e a eficiência de processos para obter resultados melhores. Há muito a se fazer, mas, com certeza, conseguiremos ter resultados ainda melhores de Norte a Sul do Espírito Santo”, projeta Fábio.
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