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Startups no ES criam 'maquininhas de cartão de bairro' com taxas menores

Startups no ES criam 'maquininhas de cartão de bairro' com taxas menores

Negócios têm crescido em comunidades do Espírito Santo por oferecerem atendimento personalizado para comerciantes

Publicado em 1 de setembro de 2024 às 07:47

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Trabalhando há mais de 10 anos com carteira assinada na área de vendas, o morador de Vitória Elias Barroso tinha o sonho de empreender. E o mercado de fintech foi uma maneira que ele encontrou de trabalhar por conta própria.

Foi assim que ele iniciou a ColibriPay há um ano. Por um tempo, ainda conciliou com a carreira como trabalhador de carteira assinada, mas há cerca de três meses dedica-se integralmente a ganhar mercado para a sua marca de maquininhas de cartão, principalmente em Vitória, concorrendo com gigantes do mercado, como Cielo e Rede.

A "fintech de bairro" de Elias foi criada por uma startup capixaba que é responsável por desenvolver toda a estrutura da empresa, criando desde as maquininhas até contas digitais e portais de controle de vendas, um modelo conhecido como white label (etiqueta branca, em português). A Paytime, sediada em Vitória, também fica responsável pelas questões regulatórias e bandeiras de cartão. 

Por fazer parte de uma rede com mais de 500 fintechs criadas pela Paytime, as "maquininhas de bairro" acabam sendo competitivas frente às grandes marcas do mercado por oferecerem taxas mais vantajosas aos clientes. Em cinco anos, a startup capixaba já criou 500 fintechs e, atualmente, 150 mil estabelecimentos usam as máquinas de cartão. Nesse período, já foram transacionados R$ 15 bilhões.

“Estudei o mercado de fintech e, há um ano, decidi abrir uma empresa em sociedade com a minha esposa. Tinha vontade de ter uma marca e vender da maneira que achar melhor. E a renda extra hoje é a principal. Conquistei clientes tanto nas redes sociais quanto conversando pessoalmente”, conta.

Helena Santos, esteticista, que é cliente da fintech criada por Elias Barroso, a ColibriPay
Helena Santos, esteticista, é cliente da fintech criada por Elias Barroso, a ColibriPay. (Vitor Jubini)

Assim, sua rotina passou a ser buscar clientes para expandir a ColibriPay, maquininha de cartão que também funciona como uma conta digital para os clientes. Ele conseguiu ganhar mercado principalmente no bairro onde mora, em Jardim Camburi,e áreas próximas, como Bairro de Fátima, na Serra. 

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Entendi, na minha experiência, que, com tantas empresas oferecendo o mesmo produto, a maneira de me diferenciar foi indo pessoalmente. E isso tem ajudado a crescer

Elias Barroso
Fundador da Colibri Pay
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Outros clientes da empresa também ficam em Santa Teresa, Região Serrana do Espírito Santo, onde a esposa dele tem parentes. E o perfil que Elias atende são micro e pequenos empresários, que vendem entre R$ 10 mil e R$ 50 mil.

“O tipo de cliente que mais me dá receptividade são os pequenos empresários, pessoas com lojas de acessórios de celular, esteticistas, manicures. Grandes farmácias e postos de gasolina são onde tenho mais dificuldade de entrar”, detalha.

Taxa vantajosa

Helena Santos, esteticista, que é cliente da fintech criada por Elias Barroso, a ColibriPay
Helena Santos, esteticista, que é cliente da fintech criada por Elias Barroso, a ColibriPay. (Vitor Jubini)

Mas o que leva os comerciantes a escolherem as marcas menos conhecidas de maquininhas?

No caso da esteticista Helena Santos, que atua com micropigmentação de sobrancelhas em Jardim Camburi, na Capital, a escolha há cerca de um ano pela "maquininha de bairro" foi em função das taxas vantajosas. 

"Tinha muito problema de conexão com a outra empresa. Conheci a esposa do Elias, que me falou que trabalhava com maquininha, e a cotação das taxas foi o que mais me chamou a atenção. O aplicativo também é fácil de entender. Manter a máquina é um diferencial, como mais uma opção de pagamento para o cliente, porque muitas pessoas fazem questão de pagar com cartão, ainda mais com crédito", conta. 

Fintechs de bairro

Empresas como a de Elias têm sido chamadas de “fintechs de bairro” e oferecem máquinas de cartões e outros serviços financeiros, como contas digitais para estabelecimentos em suas regiões, ganhando espaço frente às gigantes populares das máquinas de cartão.

Esse movimento acontece no momento em que o pagamento por cartões segue em alta no país. Dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) apontam que, no primeiro trimestre de 2024, os brasileiros fizeram 10 bilhões de pagamento com cartão — 11% a mais que no mesmo período do ano passado. Foi o maior número de transações já realizadas em um trimestre, segundo a entidade.

No período, foram 4,7 bilhões de pagamentos no crédito (+13%), 4 bilhões de transações no débito (+2,9%), e 2,1 bilhões no pré-pago (+25,6%). Foram, em média, 120 milhões de pagamentos com cartão realizados por dia. ​

Modelo de negócios

Para concorrer com as grandes empresas do setor, formar uma cadeia de maquininhas ligadas à fintech principal foi uma maneira de conseguir conquistar taxas mais vantajosas. E nessa cadeia estão outras fintechs, como a CreditPag, fundada em Vila Velha por Júlio César Moraes em 2017.

O foco inicial, segundo ele, era buscar estabelecimentos com vendas na casa dos R$ 10 mil a R$ 50 mil mensais, levando ao mercado de pagamentos pessoas pouco bancarizadas. A marca foi crescendo e hoje está em 10 Estados. 

"Há alguns anos, para conseguir usar a máquina de cartão, tinha que ter conta pessoa jurídica, além de muita burocracia", lembra.

Startup capixaba movimenta R$ 15 bilhões

Em cinco anos, a startup capixaba Paytime já criou 500 fintechs nesse modelo e, atualmente, 150 mil estabelecimentos usam as máquinas de cartão. Nesse período, já foram transacionados R$ 15 bilhões.

A empresa surgiu com o intuito de facilitar a entrada de novas marcas de maquininhas de cartão e fintechs no mercado, democratizando o serviço. A fintech sediada em Vitória desenvolve desde a parte tecnológica de maquininha e banco digital até a marca e também toda a parte regulatória. 

“Trata-se de um serviço e produto que demandam confiança e credibilidade. Lidar diretamente com o proprietário da empresa, bem como garantir um atendimento ágil, são vantagens competitivas”, explica Leonardo Gomes, CEO da Paytime.

Leonardo Gomes é CEO da Paytime
Leonardo Gomes é CEO da Paytime. (Divulgação)

Essa proximidade permite que as fintechs estabeleçam uma relação mais próxima e pessoal com a comunidade ao redor, inclusive realizando parcerias estratégicas ou patrocinando iniciativas. E, estando na mesma base da startup capixaba, o grupo consegue taxas mais competitivas no mercado. 

Segundo Leonardo, essas soluções também representam uma possibilidade real de empreender e criar um negócio rentável. “Oferecemos toda a tecnologia e estrutura para a criação de um negócio complexo, mas bastante rentável. Temos muitos casos de pessoas aqui que mudaram de vida por meio de soluções fintechs”, acrescenta Leonardo.

Ao oferecer a estrutura — que pode incluir desde maquininhas até contas digitais e portais de controle de vendas —, a Paytime permite que as fintechs se concentrem na operação em si.

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