Há dois anos, o tradicional Supermercado Santo Antônio, que funcionava em Guarapari e Anchieta, fechou suas portas e demitiu funcionários, após uma série de problemas que a rede vinha passando, inclusive uma venda malsucedida. No entanto, até hoje, os funcionários não receberam as verbas trabalhistas e brigam na Justiça pelos seus direitos.
Em julho de 2020, o supermercado, que funcionou por 50 anos, anunciou o fim das suas atividades. Mas, antes do anúncio, a empresa passou por uma série de problemas, que foi noticiada, na época, pelo site A Gazeta. Além de demissões, em 2019, sete unidades da rede haviam sido compradas pela empresa DX Group Participações e Investimentos Eireli.
Mas, em pouco tempo, as circunstâncias mostraram que o negócio não ia bem, como o não pagamento de fornecedores, a falta de produtos nas prateleiras das lojas, a troca de máquinas de cartões de crédito, a suspensão dos planos de saúde dos empregados e a demissão de profissionais.
Diante desse quadro e do descumprimento do contrato de compra e venda por parte da DX Group, a família Zouain, donos da rede de supermercado, entrou na Justiça e conseguiu uma decisão para retomar a gestão da rede. A partir daí, os problemas se tornaram ainda mais evidentes, assim como uma dívida que ultrapassou os R$ 8 milhões.
“Quando fomos demitidos, pessoas da empresa disseram que nossa situação só seria resolvida na Justiça. Depois de meses trabalhando às cegas, essa foi a única coisa que ouvimos, infelizmente”, disse uma ex-funcionária de 29 anos, que preferiu não se identificar.
Ela e mais outros 154 ex-funcionários criaram um grupo de WhatsApp para acompanhar a situação de cada um. Ninguém recebeu as verbas trabalhistas.
Antes mesmo da demissão, eles tiveram que passar meses com salários atrasados e com a incerteza. Muitos deles, vivendo de aluguel, não sabiam como pagar as contas e passaram por um grande desgaste emocional.
“Procuramos a Justiça para resolver nossa situação, mas a única resposta que temos é: estão na dependência da venda de bens para pagar nossos direitos. Enquanto isso, o assunto fica estagnado”, contou a mulher.
A ex-funcionária trabalhou 10 anos na empresa e sua rescisão gira em torno de R$ 20 mil. “Durante o processo da venda malsucedida, nós nunca fomos chamados para uma reunião, nem avisados do que realmente estava acontecendo. A gente só escutava boatos. Espero receber o que é meu por direito, não só eu, como todos os colegas que também aguardam. Tenho esperança, embora a Justiça pareça estar muito lenta”, acrescentou.
Outra ex-funcionária ficou 13 anos na empresa até ser demitida em 2020. Como a loja onde trabalhava foi uma das primeiras a fechar, ela ainda conseguiu receber o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), mas foi somente isso. Outras verbas rescisórias das quais tinha direito, nunca recebeu.
“Todos os funcionários tiveram que entrar na Justiça. Eles (os donos) disseram que não pagariam de forma legal, se a gente quisesse receber, teria que entrar na Justiça”, disse a mulher de 37 anos.
Um jovem de 23 anos contou que, nos últimos meses antes de fechar, a empresa atrasou os depósitos do FGTS. Ele foi demitido com dois meses de salário atrasado.
“A gente saiu sem nada. Quando fomos chamados no RH, eles alegaram que não iam nos pagar. Ficamos indignadas, porque dedicamos tantos anos pela empresa. Sempre trabalhei corretamente para no final sair sem nada, sem direitos trabalhistas. A gente esperava pelo menos um acordo justo”, disse o jovem.
A reportagem entrou em contato com a advogada da família Zouain para saber sobre o pagamento das rescisões trabalhistas, mas não houve nenhuma resposta. Assim que houver retorno, este texto será atualizado.
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