A venda de arroz está sendo limitada em alguns supermercados do Espírito Santo. A restrição ocorre depois da destruição provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul, que é responsável pela produção de 70% do arroz que é consumido no Brasil. Apesar dessa medida adotada em estabelecimentos capixabas e de outros Estados, a Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul) afirma que o abastecimento está garantido e assegura não haver risco de falta do grão no país.
Na Grande Vitória, porém, há estabelecimentos limitando a venda do cereal. No Supermercado São José, na unidade da Praia do Canto, os compradores só podem adquirir três pacotes de arroz, independentemente do peso (1kg, 2kg ou 5kg).
Nas lojas do Perim, também na Grande Vitória, a venda está limitada, mas a empresa não informou a quantidade disponível para cada cliente. No Carone, em Vitória, a reportagem apurou, na manhã desta quinta-feira (9), que a venda segue normalmente, sem limitações de compra.
Entretanto, o supermercado Perim de Cachoeiro de Itapemirim, na Região Sul do Espírito Santo, já registra uma alta procura pelos pacotes de arroz e limita a venda dos pacotes de 5 kg.
"Estamos observando uma procura fora do normal. Temos um estoque que atende a demanda atual, mas limitamos a venda de três pacotes de cinco quilos por pessoa para que possamos atender o máximo de clientes possível", diz o gerente comercial Francisco Perim.
Já na rede Casagrande limita, cada cliente pode comprar até 10 kg de arroz. A medida vale por tempo indeterminado, em todas as unidades do Estado.
"Devido à região Sul do Brasil ser uma grande produtora de arroz e pela rede Casagrande zelar sempre pela venda consciente, decidimos limitar a quantidade de venda de arroz até que o carregamento dos fornecedores do Sul volte à normalidade. Atualmente nossas lojas estão com os estoques abastecidos e também temos arroz em nosso Centro de Distribuição. Estamos em contato direto com nossos parceiros do Sul, ajudando como é possível e na esperança por dias melhores", divulgou a rede de supermercados, por meio de nota.
A reportagem também procurou pela Rede Extrabom e pelos Supermercados BH para que as lojas pudessem esclarecer a atual situação das vendas. Entretanto, a demanda não foi respondida.
Segundo a Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), ainda não há falta de produtos nas lojas, já que os estabelecimentos capixabas possuem estoques para reposição. Ainda assim, o órgão não descarta impactos que possam ser causados pelas chuvas no Rio Grande do Sul.
“A enchente no Rio Grande do Sul trará impactos não somente para o Espírito Santo, mas para muitos outros Estados, devido às dificuldades logísticas pontuais relacionadas a produtos como aves e suínos, que dependem em boa parte da soja e do milho do Rio Grande do Sul”, informa a Acaps, por nota.
Apesar da limitação de vendas nos mercados, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, afirma que o arroz que está colhido no Estado gaúcho garante o abastecimento do Brasil. Em entrevista ao podcast "De onde vem o que eu como", do g1, Gedeão disse que o Rio Grande do Sul tem arroz para abastecer o mercado interno por, no mínimo, dez meses.
"Talvez possa faltar alguma coisa no final, quando nós já estivermos com uma nova safra em cena. Evidentemente que podemos ter, sim, por falta de logística, um desabastecimento no curtíssimo prazo, mas nada mais do que isso", disse.
Segundo o Instituto Riograndense do Arroz (Irga), cerca de 114 mil toneladas já foram perdidas e ainda falta calcular o prejuízo das áreas que estão parcialmente submersas. De acordo com o g1, na quarta-feira (8), a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) informou que irá trazer 75 mil toneladas de arroz da Tailândia para "aumentar a oferta, garantir o abastecimento e segurar preços".
Além da possível escassez do arroz, outros produtos também podem sofrer impactos no Espírito Santo devido às chuvas no Rio Grande do Sul. Além do cereal, o Estado também exporta grãos como milho, soja e carnes de boi e de frango.
Segundo a Central de Abastecimento do Estado (Ceasa-ES), os itens continuam chegando, mas, se houver uma menor quantidade de produtos oriundos de terras gaúchas, os preços poderão aumentar.
Para sanar o problema da possível falta de arroz, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi autorizada, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a comprar um milhão de toneladas de arroz, importados de países da América do Sul.
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