Um homem de 66 anos foi preso na manhã desta terça-feira (12) em Pinheiros, no Norte do Espírito Santo. Ele é suspeito de integrar a organização criminosa que prestava serviço de lavagem de dinheiro a partir do Estado.
A prisão é um desdobramento da Operação Piànjú, deflagrada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual em 15 de dezembro. As investigações apontaram que empresários capixabas comandavam o esquema criminoso, que movimentou R$ 800 mil em transações no Brasil e no exterior.
A Gazeta apurou que o homem estava foragido e foi encontrado através de apurações da Polícia Civil do município e da inteligência da Polícia Militar. O suspeito foi detido na frente da casa onde se escondia e não resistiu à prisão.
Havia diversos mandados de prisão contra o detido, com nomes diferentes. Ele foi encaminhado para Vitória, para passar por interrogatório.
Em 21 de dezembro, 14 suspeitos de integrar a organização viraram réus em um processo judicial que vai determinar se tiveram ou não participação em um esquema internacional de lavagem de dinheiro que seria comandado a partir do Estado.
Além do crime de lavagem de dinheiro, eles responderão por integrar organização criminosa (com agravantes de manterem contato com outras organizações criminosas e operarem além de fronteiras nacionais), estelionato e falsidade ideológica.
De acordo com os responsáveis pelas investigações, empresas de fora do Estado contratavam o grupo capixaba para "limpar" o dinheiro sujo. Uma vez que o recurso era obtido de forma ilegal pelos “contratantes”, a cifra passava por uma rede de empresas de fachada no Espirito Santo. Daí era enviado ao exterior sob a forma de contratos de prestação de serviço que nunca eram executados. Ao todo foram movimentados mais de R$ 800 milhões.
“Eram serviços de transporte marítimo internacional, de exportação e importação. As empresas faziam contratos fraudulentos como se estivessem prestando serviços de aluguel de contêiner, desembaraço aduaneiro, porque eles precisavam que fossem contratos internacionais para conseguir processar a remessa para fora (do país)”, explicou o titular da Delegacia de Furto e Roubo de Veículos, delegado Ricardo Toledo, em coletiva de imprensa no dia 17 de dezembro.
Dessa forma, segundo as investigações, eles davam ares de legalidade para o dinheiro obtido ilegalmente pelos “clientes”, seja através de corrupção, tráfico de drogas ou outros crimes. Para driblar ainda mais qualquer desconfiança por parte dos órgãos de controle, todos os impostos e taxas referentes aos contratos eram recolhidos corretamente.
Dados incorporados aos processo mostraram ainda que, para que esse dinheiro chegasse à "lavanderia" sediada no Estado, como é chamado o esquema pela polícia, ele era enviado aos poucos, em cerca de 50 depósitos diários de pequeno valor.
Esses depósitos tinham como origem contas em vários Estados brasileiros e como destino as muitas empresas de fachada criadas pelo grupo com o uso de identidades falsas.
“A partir dessa grande quantidade recebida, os valores iam pulando para outros grupos de empresas, até que chegavam em um grupo de cinco empresas aqui. Algumas eram utilizadas concomitantemente, mas de forma alternada para evitar chamar a atenção das autoridades”, explicou o titular da DFRV.
Era desse grupo mais restrito de empresas que partiam os contratos e remessas bancárias para os Estados Unidos e China. "Eles eram uma grande lavanderia, atendiam diversos clientes. Algumas das empresas clientes, pelo menos quatro delas, que utilizaram os serviços, foram alvo da Operação Lava Jato em diversas fases".
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