O chamado tarifaço sobre produtos importados, anunciado por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, na quarta-feira (2), pode ser um movimento causador de “instabilidade e de atraso de investimentos”. A avaliação sobre a decisão de Trump é de Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo.
Na manhã desta quinta-feira (3), o chefe do Executivo capixaba fez uma breve avaliação sobre a atitude do presidente norte-americano em apontar tarifas para países que vendem produtos aos Estados Unidos, em busca de atrair fábricas e empregos de volta ao país.
No caso do Espírito Santo, que, no Brasil, é um dos principais exportadores de produtos como café, minério de ferro, celulose e rochas ornamentais, a avaliação de Casagrande é de que o Estado também pode sofrer influência pelas taxas impostas pelo republicano. Além disso, o governador capixaba destacou que a ação de Trump pode isolar os Estados Unidos das demais nações.
“Essa taxação influência, sim, o Espírito Santo. Mas, em uma primeira avaliação, não é tão ruim. O que é ruim é a instabilidade criada no mundo e isso, muitas vezes, pode adiar investimentos. A primeira avaliação é que os 10% não são tão ruins, pois o Brasil está em uma posição melhor em relação a outros países”, exemplificou Casagrande, fazendo analogia ao fato de que a taxa aplicada ao Brasil é a mesma cobrada pelo país sobre os produtos dos Estados Unidos, diferentemente do cenário de outros países, que tem taxas divergentes.
Diante da decisão de Trump, o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) ainda explicou, em conversa com a reportagem de A Gazeta, que o governo do Estado já dialoga com os setores ligados às exportações capixabas, em busca de entender quais serão os primeiros impactos.
"Só o setor de rochas ornamentais, por exemplo, tem quase 60% de sua produção endereçada aos Estados Unidos. Então, é necessária essa avaliação. É tudo muito recente, mas vamos dialogando com os segmentos para termos uma ideia mais concreta", disse o vice-governador.
Ainda na quarta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que prevê respostas à taxação generalizada de Trump. A ideia é que sejam impostas medidas de reação àquilo que é visto como práticas protecionistas disfarçadas com a bandeira da sustentabilidade, além de prever medidas para reequilibrar o jogo comercial.
Embora a motivação original fosse a defesa do agro brasileiro frente às restrições ambientais da Europa, o texto atual define como alvo qualquer país ou bloco econômico que decida adotar medidas unilaterais e ações que prejudiquem a competitividade internacional de bens e produtos brasileiros, não apenas do agronegócio.
O modelo permite ao Brasil adotar contramedidas comerciais e diplomáticas proporcionais quando países ou blocos econômicos impuserem barreiras ambientais injustificadas aos produtos brasileiros. A Camex (Câmara de Comércio Exterior) passa a ter papel central na aplicação de medidas, garantindo uma abordagem mais técnica e menos suscetível a distorções políticas.
Em vez de barreiras automáticas, o novo texto prevê consultas diplomáticas coordenadas pelo Ministério das Relações Exteriores, possibilitando a resolução de conflitos de forma negociada antes da aplicação de contramedidas.
Além disso, o novo texto permite ao Brasil suspender concessões comerciais e de investimentos, bem como reavaliar obrigações em acordos de propriedade intelectual, garantindo mais flexibilidade na defesa dos interesses nacionais.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta