A internet 5G no Brasil está mais perto de se tornar realidade. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) já prevê para o fim deste ano o leilão que vai permitir que as operadoras de telefonia celular explorem faixas de sinal compatíveis com a nova geração de internet móvel. A promessa é de velocidades de navegação 20 vezes maiores do que a alcançada pelo 4.5G, a mais rápida disponível atualmente.
A licitação será a maior de radiofrequências da história do país e a maior oferta pública de capacidade para a tecnologia móvel de quinta geração no mundo, avaliam fabricantes de equipamentos e operadoras de telecomunicações.
A estimativa do mercado, segundo o Valor, é de que o certame movimente cerca de R$ 20 bilhões entre a compra das licenças (cujo preço será fixado no edital) e as obrigações de investimento na expansão da rede de serviços. No dia 17 de fevereiro foi aberta a consulta pública da proposta do edital de licitação das faixas destinadas ao 5G.
Uma versão preliminar do documento foi aprovada em 13 de fevereiro. Junto com a possibilidade de explorar a rede 5G, as operadoras que vencerem o leilão terão algumas contrapartidas, como expandir as redes de fibra óptica, ofertar sinal 4G em cidades onde ainda não há o serviço, assim como viabilizar a cobertura nas rodovias federais brasileiras.
No leilão, as empresas se candidatam para utilizar faixas do espectro de ondas eletromagnéticas. Enquanto no 3G e 4G essas faixas estavam entre 1900 e 2300 mega-hertz, para o 5G, serão utilizadas as faixas de 3,5 giga-hertz e de 26 giga-hertz.
"As frequências são como grandes rodovias, quanto maior, mais dados podem trafegar dentro delas", explica o engenheiro eletricista e pós-doutorando do Laboratório de Telecomunicações da Ufes (Labtel), Jessé Gomes dos Santos. Segundo ele, enquanto o 4.5G, melhor serviço disponível no Brasil atualmente, alcança velocidade de transmissão de até 1 gigabite por segundo (GB/s), o 5G promete entregar vinte vezes mais.
"Para fornecer essa velocidade alta (20 giga/segundo) tem que ter uma rodovia bastante larga. Nas frequências abaixo de 6 giga-hertz a concorrência é muito grande, já há muitos serviços sendo oferecidos e não ha faixa grande disponível. Por isso, as operadoras vão operar na faixa de 3,5 giga-hertz para garantir maior cobertura, mas quando precisarem fornecer velocidade muito alta, vão utilizar a faixa de 26 giga-hertz, onde serão oferecidas larguras de banda muito maiores. Nessa faixa (26 GHz), cada operadora terá 100 mega-hertz de banda", esclarece.
Em comparação, no 4G, a quantidade máxima de frequência que as operadoras têm para disponibilizar é de 20 mega-hertz. No 3G, são 5 mega-hertz.
A ultravelocidade, no entanto, pode acabar restrita a poucos locais. Enquanto a antena que opera na faixa de 3,5 GHz tem um raio de abrangência de cerca de um quilômetro, a que opera em 26 GHz (e que fornecerá sinal com maior velocidade) tem raio menor que 100 metros. "Quanto mais aumenta a frequência, a cobertura fica menor. Essas antenas com cobertura menor serão utilizadas em áreas como parques, estádios de futebol, shoppings, etc. São locais de aglomeração e vão garantir que o sinal não fique prejudicado mesmo com a demanda alta", avalia.
O professor explica que é a velocidade do 5G que vai permitir que aparelhos conectados funcionem com uma fluidez maior. É o caso de carros autônomos, dispositivos de automação residencial, assistentes de voz e outros objetos conectados na chamada Internet das Coisas (IoT na sigla em inglês).
"Hoje as pessoas querem praticidade, mobilidade. Para que haja essa interminável conexão sem fio, é preciso ter novas tecnologias que proporcionem esse bem-estar ao cidadão. Hoje, o Brasil tem entre 30 e 35 milhões de conexões de IoT. O 5G veio para dar vazão a essa tecnologia. Toda essa quantidade enorme de equipamentos só vão ganhar mesmo fluidez no 5G", afirma o pesquisador.
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