O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES) aponta que os cabeças da Telexfree usaram a Capixaba Eventos LTDA para lavar dinheiro sujo por meio da compra de um prédio de dois andares e, em seguida, obter renda com o aluguel do imóvel. A empresa é a mesma que assinou o contrato para a vinda do astro Paul McCartney ao Estado, em 2014.
Na denúncia oferecida pelo MPF/ES na semana passada e já recebida pela Justiça Federal, os réus Carlos Costa e Carlos Wanzeler são citados como os reais proprietários do empreendimento comprado pela firma de eventos. Os R$ 2,350 milhões foram pagos em dinheiro vivo proveniente de atividade ilícita da Telexfree. Atualmente, o imóvel é alugado para um estacionamento rotativo.
A investigação estima que a locação tenha rendido R$ 380 mil aos chefões da Telexfree entre novembro de 2014 e novembro de 2019. O endereço apontado como meio para lavar dinheiro fica a não mais do que 30 metros da sede do MPF no Estado, no Centro de Vitória.
Apenas Costa e Wanzeler chegaram a ser presos - e soltos dois dias depois. Mas outros dois também viraram réus nessa ação. Um deles é Cleber Renê Rizério Rocha, dono formal da Capixaba Eventos. Como A Gazeta revelou em outubro, Rocha, sem qualquer expertise no negócio, foi inserido na firma em setembro porque era homem de confiança dos chefões da Telexfree.
Antes, a Capixaba Eventos era de Flávio Salles, o produtor musical de quem Costa e Wanzeler se aproximaram para investir em grandes shows. A exigência da entrada de Cleber Rocha no negócio foi uma contrapartida dos investimentos, contou Salles.
Segundo a denúncia, Cleber Rocha e a Capixaba Eventos foram usados para, formalmente, realizar a compra do imóvel e receber os alugueis, sem que Costa e Wanzeler pudessem ser identificados nas tratativas. Procurado, Cleber Rocha informou apenas que "todos os fatos serão esclarecidos no momento oportuno".
O quarto réu é o advogado Cícero Thomé. Segundo o MPF, ele foi destacado para identificar imóveis com "boa perspectiva de rentabilidade" e, em um segundo momento, lidar com representantes das empresas que gerenciavam o estacionamento. Assim, contribui para que Costa e Wanzeler, os reais interessados nas negociações, permanecessem ocultos.
Também segundo a apuração do MPF, Cícero e Carlos Wanzeler procuraram o locatário em setembro deste ano e avisaram a ele que, a partir de então, os pagamentos dos aluguéis deveriam ser feitos em espécie, com repasses realizados em locais pré-combinados. A reportagem não localizou Cícero Thomé.
O advogado de Carlos Costa e Carlos Wanzeler, Rafael Lima, disse que os prazos do Judiciário estão suspensos por causa do recesso de fim de ano e que ele não comentaria o mérito das acusações. Frisou que os esclarecimentos serão feitos em momento oportuno.
"Não vou me manifestar sobre o mérito. Os prazos estão suspensos. Eles vão esclarecer tudo, assim como esclareceram nos demais processos. Ninguém vai tentar ludibriar nada ou ninguém", comentou.
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