Dez anos após a queda da Telexfree, a maior parte dos divulgadores da pirâmide financeira ainda não conseguiu recuperar o dinheiro investido no esquema, que prometia lucros elevados com a revenda e atração de novos vendedores de planos de telefonia pela internet, o chamado VoIP.
A Ympactus Comercial, que fazia a representação da Telexfree no país, deve mais de R$ 5,82 bilhões à União, sendo o maior devedor do Espírito Santo, e um dos principais no Brasil. Sócios e outras empresas criadas em meio ao esquema também acumulam dívidas bilionárias, e nem entram nesta conta o valor devido aos divulgadores.
Pelas regras estabelecidas no decorrer dos processos, a União tem prioridade nos pagamentos. Os bens apreendidos, entretanto, nem mesmo são suficientes para quitar esses débitos, o que coloca em xeque o momento em que haverá o pagamento dos divulgadores.
A Ympactus Comercial começou a atuar em território brasileiro em 2012, quando a empresa, criada pelo brasileiro Carlos Wanzeler e pelo americano James Merrill em 2002, começou a oferecer os serviços de telefonia.
A empresa, que dizia lucrar muito com o setor, também passou a prometer bons retornos financeiros na revenda dos pacotes e colocação de anúncios na internet. Para se tornar um “divulgador”, o interessado precisava pagar uma taxa de adesão, que permitia a compra dos pacotes com desconto para que pudesse revender.
Mas, além da própria revenda, a promessa era de que, para lucrar, também era necessário estimular os compradores a se tornarem revendedores. Ou seja, era preciso atrair mais compradores ou divulgadores, que, sem saber, pagavam pela remuneração dos clientes mais antigos.
Em dado momento, o número de divulgadores chegou a um milhão de pessoas. Ainda hoje os credores continuam ingressando com ações judiciais tentando reaver as somas aplicadas, e embora haja decisões favoráveis, a maioria nunca recuperou o dinheiro aplicado no esquema. A cifra total devida chega a pelo menos R$ 2 bilhões.
Questionada sobre as medidas que vêm sendo tomadas para ressarcir os credores, a Laspro Consultores Ltda., administradora judicial da empresa no processo de falência (autorizado em 2019), informou que a falência se encontra em fase de arrecadação e avaliação de ativos da massa falida (Telexfree). Somente encerrada esta etapa será feito o rateio.
"Cabe esclarecer que, por meio do processo de falência, os investidores, divulgadores ou credores da Ympactus Comercial S/A podem pleitear a inclusão ou retificação de seus créditos, conforme procedimentos previstos na Lei 11.101/2005."
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