Convento da Penha, moqueca capixaba, praias. Pedra Azul, colibris e Frade e a Freira. Já deu para entender que os assuntos são os símbolos do Espírito Santo, né?!
Se há alguns anos era difícil vender para os capixabas os produtos que eram feitos no Espírito Santo, hoje esses itens são alguns dos mais procurados. Isso tudo porque ser capixaba está na moda.
Eu sou da época, quando comecei no vestuário, que para vender aqui no Espírito Santo a gente precisava dizer que era do Rio. Agora, essa originalidade do capixaba conta muito mais do que ser de fora, lembra José Carlos Bergamin, sócio fundador da Konyk, empresa que tem linha de produtos com símbolos do Estado.
A maioria dos produtos que faz alguma referência ao jeito capixaba é do vestuário - até pela facilidade em se criar diferentes estampas. Mas não só de roupa vivem as mercadorias que lembram o Espírito Santo. Há também guarda-sóis, cangas, copos, canecas e diversos objetos de decoração.
As empresárias Vania Chiabai e Amália Queiroz chegaram a criar uma loja virtual voltada para os produtos que reforçam a identidade capixaba. Elas concordam que atualmente é mais fácil vender os produtos locais.
Antes não era cult usar, curtir ou estampar ícones ou artes que remetessem ao próprio Estado. Mas com a profissionalização da cultura capixaba, uma onda de valorização começou a vir à tona, Vania.
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, lembra que diversos símbolos representam o Estado. A gente tem o Convento da Penha, Pedra Azul, a moqueca capixaba. Tudo isso é uma referência para todo o Brasil do que é o capixaba, lembra. Todo esse simbolismo, esse reconhecimento é muito bom para nós, acrescenta.
A identidade capixaba é formada por um conjunto de influências: europeus, negros, indígenas, todos contribuíram para formar o que é o capixaba. Tem o Espírito Santo o encanto de ter a diversidade como identidade, ressalta o antropólogo Adilson Vilaça.
Houve um tempo em que se colocava em dúvida entre estudiosos a questão de que o capixaba não teria identidade. Essa espécie de negação foi fruto de um período em que a nossa classe média tinha que ir para outros Estados para estudar e acabava perdendo um pouco do contato com o que era genuinamente capixaba, explica.
Segundo Adilson, entre as décadas de 80 e 90 essa questão começou a ser ultrapassada. Nesse momento, que o capixaba começou a ter sua identidade reconhecida, começou a ter uma valorização muito positiva. Estamos numa época em que todos os capixabas se reencontraram e estão abraçando a identidade. O orgulho está em alta, completou.
Na mesma linha segue o gestor de performance da Origens, Carlos Henrique Cortez. Os capixabas estão cada vez mais orgulhosos de suas raízes, das conquistas e do local em que vivemos. O Estado vem crescendo rápido e ganhando destaque cada vez maior no cenário nacional. Com isso, essa identidade se tornou uma marca, uma característica forte e que nos orgulha.
Não é só na estética que os produtos relacionados ao Espírito Santo fazem sucesso. Eles também reforçam nas pessoas que os utilizam o sentimento de pertencimento a um grupo.
De acordo com a psicóloga e consultora pessoal Cláudia Calil, as pessoas se organizam como se fossem clãs, buscando assuntos de interesse em comum. A identidade é um fator importantíssimo que reúne um povo em torno dos elementos que constituem essa identidade. Estamos num momento de valorização dos símbolos capixabas e isso é algo muito positivo, comenta.
Ainda segundo Cláudia, o reconhecimento que o Estado vem tendo em nível nacional, e até internacional, ajuda na difusão da cultura. Várias coisas boas que fazemos aqui passaram a ter reconhecimento nacional. Teve a questão da economia também, que aqui está melhor que em outros Estados, e isso também nos dá orgulho, avalia.
Tudo isso fortalece o enraizamento e ter raízes é importante para as pessoas - reduz a probabilidade de transtornos depressivos Sem uma raiz boa, a planta não dura, acrescenta a especialista em comportamentos.
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