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'Temos de achar solução privada para problema público', diz presidente do BC

"Temos de achar solução privada para problema público", diz presidente do BC

Durante evento em Vitória, Roberto Campos Neto afirmou que setor privado será um grande catalisador do desenvolvimento, já que as empresas estão avançando em diversas áreas

Publicado em 5 de novembro de 2020 às 21:11

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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência)

"Temos que parar de achar solução pública em problema do setor privado e começar a achar solução privada para problema público". A afirmação é do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que participou, na tarde desta quinta-feira (5), de um evento em Vitória, transmitido on-line. De acordo com ele, é preciso entender que o setor privado vai ser um grande catalisador do desenvolvimento do país, já que as empresas estão avançado em diversos aspectos, principalmente, na tecnologia.

O presidente do BC participou do painel "A interface da política x mercado", junto ao governador Renato Casagrande, no "8º Fórum Liberdade e Democracia", que acontece até sexta (6), em Vitória, com transmissão pela internet.  No painel, Campos Neto ainda afirmou que o país passa por uma recuperação em "V", em que a retomada é quase tão veloz quanto a queda.

De acordo com ele, a indústria está sendo fundamental para a retomada da economia, diante da crise causada pela pandemia do novo coronavírus. "O Brasil foi o país emergente que menos caiu durante a pandemia e é o que está se recuperando melhor", disse.

A maior parte dos recursos que foram investidos para minimizar os impactos da crise no país foram voltados às pessoas físicas, direcionados, principalmente, ao auxílio emergencial. Dos R$ 469,8 bilhões gastos pelo governo até 3 de novembro, R$ 228,8 bilhões (48,74%) foram aplicados no benefício. Os números estão no Siga Brasil, ferramenta do Senado para pesquisas sobre a execução do orçamento.

Campos Neto já havia dito, em outra ocasião, que o governo deveria passar a concentrar seus programas voltados ao alívio dos efeitos da pandemia nas empresas e não nas pessoas físicas. Naquele momento, ele apontou que há uma recuperação "muito grande" nas horas efetivamente trabalhadas. Isso, segundo ele, mostra uma recuperação da renda dos trabalhadores e do mercado de trabalho.

Outro ponto abordado pelo presidente do BC foi a autonomia do órgão. O Senado aprovou, na última terça-feira (3), um projeto de lei para que o banco não seja mais submisso ao governo federal. Com isso, a presidência da instituição passa a ter um mandato não concomitante com o Executivo.

"Isso faz também com que o Banco Central tenha poder de tomar medidas duras e impopulares, que talvez não tenham impacto a curto prazo. Você ainda remove uma parte de risco que está embutida nos juros a longo prazo e, com menos risco, barateia o custo do crédito no país", aponta.

RISCO FISCAL X AJUDA ÀS PESSOAS

No evento, Roberto Campos Neto também falou sobre o equilíbrio fiscal do país e o aumento dos gastos públicos em meio à pandemia. De acordo com o presidente do BC, o país vai sair dessa crise com um nível de dívida muito alto e com sérias preocupações, sendo que uma das variáveis que não vai voltar tão rápido é o emprego.

"O resultado do conjunto de medidas de enfrentamento à pandemia adotadas é uma enorme elevação da dívida pública. Em volume nominal, ela é superior à da 2ª Guerra Mundial. Porém, no cenário atual, mais arriscada para a credibilidade do Brasil. Entre os países emergentes, atualmente, apenas um país da África tem uma dívida maior que a do Brasil", conta.

O presidente do Banco Central lembrou também que os países com o equilíbrio fiscal mais frágil são aqueles com maior depreciação da moeda e ressaltou que é importante que o Brasil volte ao rumo.

"Hoje, o país vive um momento de juros baixos e alta liquidez. Se o Brasil fizer o dever de casa vai conseguir se recuperar. Em meio ao cenário atual, a credibilidade passa a ser mais importante do que o ganho que se pode ter injetando dinheiro na economia e piorando o equilíbrio fiscal", aponta.

ESTADO MAIS COMPETITIVO

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, apontou, durante o painel, que União, Estados e municípios precisam cumprir o seu papel para que o país cresça. Ele lembrou que manter as contas equilibradas para ter recursos e investir em saúde, educação e desenvolvimento são fundamentais.

Casagrande ressaltou ainda que o governo do Estado está com as contas equilibradas, o que permite investir e atrair investimentos.

"Um Estado como o nosso, que quer ser competitivo, tem que ser eficiente. Além disso, temos que ampliar a nossa competitividade externa. Nunca teremos um mercado consumidor interno grande. Nesse item vamos ter dificuldade de avançar. O que vai nos ajudar é a eficiência e capacidade de comunicação e investimentos que fazemos em saúde e educação. Ainda temos muito o que avançar em outros setores. Estamos em quinto no ranking nacional de competitividade, mas podemos chegar em primeiro", afirmou Casagrande.

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