A rede de lojas de móveis e itens de decoração Tok&Stok vai fechar sua unidade localizada em Vila Velha nos próximos dias. A informação foi confirmada pelo Shopping Vila Velha, onde a loja da marca estava instalada na cidade. O grupo está fechando unidades em diversos Estados, a maioria delas em shoppings.
"Fomos comunicados sobre o fechamento do estabelecimento, que encerra as atividades no dia 30 de abril. Trata-se de uma decisão da marca, que também está fechando lojas em outros shoppings do país", informou o Shopping Vila Velha, em nota.
A unidade que está sendo fechada tem o modelo studio e consiste em uma loja menor que conta objetos de decoração, para o lar e acessórios. A rede ainda tem outra loja no Espírito Santo, em Vitória, no formato tradicional.
Além de Vila Velha, nos últimos dias, lojas em Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ) e Campinas (SP) entraram em liquidação com descontos de até 50%, segundo relatos de clientes.
Em perfis em redes sociais, consumidores relataram espera de horas para entrar nas lojas e disseram ter encontrado prateleiras já esvaziadas.
A empresa foi procurada nesta quarta (19) e disse que não vai se pronunciar. A Tok&Stok não informou quantas unidades já foram ou serão encerradas e se os funcionários dessas lojas foram dispensados.
Nas lojas com saldão de produtos para o encerramento das atividades, um mesmo comunicado foi fixado na porta da frente.
"Olá. Informamos que em breve encerraremos nossas atividades nesta loja. Mas não se preocupe, você ainda poderá se inspirar e continuar comprando com a gente pelo site, app ou em outras unidades."
No início deste ano, a Tok&Stok atraiu a atenção para sua situação financeira depois que o dono de um galpão logístico que a empresa loca em Extrema (MG) entrou na Justiça pedindo o despejo da varejista por falta de pagamento.
A proprietária do galpão é o Vinci Logística Fundo Imobiliário. No fim de março, o fundo informou que a Tok&Stok pagou R$ 2,092 milhões em juízo para quitar o débito. Alguns dias depois, a ação foi encerrada.
Desde que a crise econômica enfrentada pela rede se tornou pública com a ação de despejo, a Tok&Stok registrou movimentações em seu quadro de administradores.
Em fevereiro, Daniel Sterenberg, que era diretor-presidente e presidente do conselho administrativo da companhia, renunciou aos cargos, segundo lançamento do dia 15 daquele mês na Junta Comercial de São Paulo.
No dia 27 do mesmo mês, Eduardo Henrique Moura Sampaio renunciou ao cargo de diretor estatutário e, por último, no dia 22 de março, Luciano Ribeiro Escobar também renunciou ao mesmo cargo.
No mercado imobiliário e no varejo, a falta de pagamento de aluguel foi vista como um sinal de problema de caixa na varejista, uma das maiores do segmento de móveis.
As intempéries nas contas da rede de lojas podem ser o que analistas têm chamado de "crise de bonança". Na pandemia, muitos segmentos cresceram impulsionados por ajustes necessários à transformação do ambiente doméstico para atender aulas e trabalho remotos.
Reformas foram feitas, eletrônicos e móveis precisaram ser comprados e substituídos. O erro da rede teria sido não se preparar para o período posterior, que é o atual. Além da atividade econômica dormente, o momento coincide com juros mais altos, menos crédito e mais desconfiança.
Sem adequar a estrutura para o período de baixa, o caixa do tempo de bonança precisou ser queimado.
A Tok&Stok foi fundada em 1978 e busca atender as classes A e B. Suas lojas são conhecidas pelos ambientes decorados e pelas parceiras com designers nacionais. A rede tem lojas em 22 estados brasileiros.
Em 2020, a Estok, nome empresarial da Tok&Stok, chegou a se preparar para ser listada na Bolsa e até pediu registro para uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), mas o plano não avançou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta