Se nada mudar no entendimento entre a Rede Sim, a TV Tribuna e a TV Capixaba, a partir de 1° de janeiro, o SBT, a Band e a Record News terão casas novas no Espírito Santo. Uma reunião realizada nesta segunda-feira (9) selou o acordo, por enquanto verbal, definindo a TV Tribuna como a nova retransmissora da Band, com a Rede Sim acomodando a empresa da família de Silvio Santos e a TV Capixaba passando a cuidar da programação da Record News.
Participaram da reunião representantes das redes envolvidas ligados à relação com afiliadas e ao jurídico de cada negócio, além de advogados e de representantes das emissoras locais. O diretor de afiliadas do SBT, Daniel Abravanel, também participou da conversa. Foram expostas as bases do texto a ser formalizado, que não passa de uma página, segundo fontes ouvidas pela reportagem.
Ainda segundo essas fontes, o acordo entre as partes ainda não foi assinado, o que deve ser feito nas próximas horas ou dias. A expectativa é de que a "dança das cadeiras" seja oficializada antes do recesso do Judiciário. A ideia é estancar o vaivém de ações judiciais que tentam redefinir a emissora afiliada do SBT no Espírito Santo desde o primeiro semestre de 2023, e dar andamento aos movimentos empresariais de cada grupo.
Até então, isso envolvia a TV Tribuna - a atual afiliada do SBT - e a Rede Sim, a candidata a ocupar o lugar da empresa que já havia até assinado contrato, segundo o SBT. Agora, a TV Capixaba também aparece como quem cuidaria da programação da Record News, hoje tocada pela Rede Sim.
A TV Tribuna do Espírito Santo continua afiliada do SBT por ordem da Justiça de Pernambuco - sede do Grupo João Santos, controlador da emissora - que obrigou o SBT a manter o vínculo após ter acolhido as argumentações da emissora de que havia feito investimentos na operação. Antes de ouvir os argumentos, a Justiça havia determinado o rompimento do contrato.
Em maio de 2023, a coluna Abdo Filho revelou que a rede havia rompido o contrato de mais de 40 anos com a TV Tribuna e que estava a procura de uma nova afiliada no Estado para início das operações em 1º de julho daquele ano. A TV Tribuna recorreu à Justiça, que concordou com a tese da emissora do grupo pernambucano e manteve a afiliação.
Em Pernambuco, a TV Tribuna foi inaugurada em 1991 sendo afiliada da Band até 1998, quando mudou para a Record. Em 2012, retornou para a Band, com a qual permanece até os dias de hoje, numa relação de quase 20 anos de afiliação.
A falta de sintonia entre a afiliada no Espírito Santo e o SBT nos últimos tempos, mobilizou a Rede Tribuna, em Recife, a iniciar conversas com a Band sobre as possibilidades no mercado capixaba, convergindo com os interesses da Rede Sim e da TV Capixaba para uma possível negociação.
Quanto à abrangência do acordo negociado nesta segunda, todas as emissoras locais manteriam os números dos seus respectivos canais. A operação com a TV Capixaba, do grupo Sá Cavalcante, envolveria somente a TV. A rádio BandNews, num primeiro momento, continuaria como está.
No caso da TV Tribuna, a programação local seria mantida, com a possibilidade de incluir outros produtos diante do que a Band oferece na grade local. A Rede Sim teria os espaços locais do SBT para ocupar, com a possibilidade de ampliação de quadro nas equipes de produção de conteúdo comercial, jornalismo e operações também pelas opções da grade. Esses desenhos de programação, entretanto, caberão a cada emissora em acordo com suas respectivas futuras redes.
O Grupo João Santos, controlador da Rede Tribuna e de outros negócios como o cimento Nassau, enfrenta uma grave crise econômica há alguns anos, levando a companhia à recuperação judicial. Recentemente, o conglomerado de empresas obteve uma vitória importante nesse processo, quando a maioria dos credores aprovou o plano de Recuperação Judicial, com valores que superam R$ 475 milhões em pagamentos a 25 mil pessoas somente com questões trabalhistas.
O acordo ainda precisa ser homologado pelo juiz do processo. Antes, o grupo já havia firmado um acordo de transação tributária – o maior da história – com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Ao todo, as dívidas gerais a serem regularizadas são da ordem de R$ 11 bilhões.
A TV Tribuna e a Rede Sim foram procuradas para falar sobre o acordo e dar mais detalhes sobre a possível operação, mas não se manifestaram. A reportagem não conseguiu contato com a direção da TV Capixaba.
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