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Ufes estuda internet transmitida via luz para uso na indústria

Ufes estuda internet transmitida via luz para uso na indústria

Conhecida como Li-Fi, a nova tecnologia promete ser mais confiável, mais rápida e provocar menos interferências do que o Wi-Fi atual. Produto deve estar disponível para indústrias em dois anos

Publicado em 12 de fevereiro de 2020 às 20:25

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Aparelhos de Li-Fi desenvolvidos na Alemanha. (Divulgação / HHI)

Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em parceria com instituições da Alemanha, está desenvolvendo uma pesquisa para a utilização de um novo sistema de transmissão de dados sem fio. A nova tecnologia é similar ao Wi-Fi, mas, ao invés de usar ondas eletromagnéticas, utiliza a luz para passar as informações. 

O nome oficial do sistema é Optical Wireless Communication (OWC, em português, Comunicação Óptica sem Fio), mas ele também é conhecido como Li-Fi (do inglês Light-Fidelity). Essa tecnologia já existe há 15 anos, mas ainda não é utilizada. O objetivo da pesquisa é viabilizar essa tecnologia para ambientes industriais, onde o Wi-Fi não costuma funcionar com eficiência.

"O Wi-Fi funciona em uma frequência de 2,4 Giga-hertz, que é compartilhada por aparelhos de micro-ondas, telefones sem fio e uma série de outros dispositivos que fazem com que a transmissão fique congestionada. Além disso, em fábricas, pode ocorrer interferências por conta do ferro exposto e pela arquitetura do local.  Isso torna o Wi-Fi pouco apropriado para ambiente fabris", explica o engenheiro eletricista e pós-doutorando do Laboratório de Telecomunicações da Ufes (Labtel), Jessé Gomes dos Santos.

A finalidade do projeto é de que o Li-Fi substitua a tecnologia atual nesses ambientes, inclusive no Espírito Santo. Através da luz, será possível transmitir dados entre os diversos dispositivos eletrônicos das fábricas com velocidade de centenas de gigabites por segundo de forma mais segura do que via Wi-Fi.

A universidade Técnica de Berlim (TU-Berlin) e o Fraunhofer Institute for Telecommunications-Heinrich Hertz Institute (HHI) estão desenvolvendo o hardware, ou seja, o aparelho que vai transmitir e receber as informações através de lâmpadas de microled. Já a Ufes contribui realizando modelagens matemáticas do canal através do qual serão transmitidos os dados para encontrar e solucionar possíveis problemas.

"Atualmente, na Alemanha, os pesquisadores conseguiram fazer um protótipo que atinge a velocidade de transmissão de 1 gigabite por segundo. No entanto, essa velocidade ainda pode ser multiplicada centenas de vezes. A luz é o meio mais rápido de transmitir a informação, o que faz com que haja uma capacidade quase infinita de utilização. Nosso trabalho é aperfeiçoar esse protótipo  desenvolvendo tecnologias melhores para converter e transmitir a informação", diz o pesquisador.

Diferente dos aparelhos Wi-Fi, que emitem ondas em todas as direções, no Li-Fi a transmissão é direta entre os aparelhos o que também faz aumentar a capacidade, a qualidade e a segurança da transferência.  A expectativa é de que as fábricas comecem a utilizar a nova tecnologia em até dois anos.

LI-FI DENTRO DE CASA EM TRÊS ANOS

Ainda que o foco da pesquisa seja inicialmente os ambientes industriais, o engenheiro afirma que as possibilidades são bem maiores. Ele acredita que os aparelhos Li-Fi devam ser disponibilizados à população em três anos. "Será possível transmitir através de uma lâmpada de cabeceira especial, ou instalar a tecnologia nos faróis dos carros para que eles se comuniquem uns com os outros, captar e receber informações através da câmera do celular. Onde puder ser utilizada a luz, será possível fazer transmissão de dados", diz. 

O HHI já tem parceria com uma escola em Stuttgart, na Alemanha, para que a tecnologia Li-Fi seja utilizada nas salas de aula como forma de teste. Por enquanto, ainda é necessário instalar equipamentos especiais com os microleds no teto, mas a intenção é de que eles sejam futuramente incorporados à iluminação normal da sala. Também é necessário conectar um aparelho ao laptop, para que a informação luminosa seja transformada em informação elétrica. Esse aparelho também será aprimorado e poderá, futuramente, ser incorporado ao próprio computador. 

"A nossa ideia é trabalhar para que também sejam realizados testes no Brasil, inicialmente  na universidade e, se possível, ampliar para outros locais", afirma o pesquisador. A parcela da pesquisa feita na Ufes é coordenada pelo professor Marcelo Segatto. O financiamento, de R$ 200 mil em quatro anos, é da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

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