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'União, se quiser, pode reduzir tributos', diz Casagrande

"União, se quiser, pode reduzir tributos", diz Casagrande

Em rede social, governador voltou a rebater provocações do presidente Jair Bolsonaro para Estados reverem imposto que incide sobre os combustíveis. Segundo Renato Casagrande, governo federal detém maior bolo da arrecadação do país

Publicado em 9 de fevereiro de 2020 às 19:50

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O governador Renato Casagrande e o presidente Jair Bolsonaro. (Reprodução)

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), voltou a comentar o polêmico "desafio" do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de redução de impostos sobre os combustíveis. Por meio das redes sociais, o socialista afirmou neste domingo (9) que o governo federal, "se quiser, pode reduzir tributos de qualquer atividade econômica para aliviar o bolso do consumidor".

Em publicação no Twitter, o governador disse que o "governo federal fica com aproximadamente 70% dos tributos arrecadados no Brasil" enquanto "Estados e municípios ficam com 30%. Veja o tuíte:

Essa é mais uma das respostas de Casagrande sobre a provocação de Bolsonaro. O governador já chegou a dizer que o presidente estaria blefando sobre a possibilidade de corte nos impostos e que estaria a disposição para uma discussão técnica sobre o tema.

A polêmica em torno do preço dos combustíveis no dia 2 de fevereiro, quando o presidente Bolsonaro publicou no Twitter que iria propor um projeto para mudar a forma de cálculo do ICMS que incide sobre os combustíveis. O imposto estadual é o item que mais pesa na formação do preço da gasolina.

Ao longo da semana, inúmeras foram as reações de governadores e secretários estaduais de Fazenda contra essa possibilidade pelo temor de perder receitas. Houve um pedido conjunto para que o governo federal promovesse uma redução nos seus tributos. O secretário da Fazenda do Espirito Santo, Rogélio Pegoretti, chegou a chamar a medida de populista e de desacompanhada da realidade fiscal dos Estados

FAZ LÁ QUE EU FAÇO CÁ

A relação entre Estados e governo parece ter ficado ainda pior na quarta-feira (5), quando o presidente Bolsonaro fez uma nova provocação dizendo que cortaria impostos federais que incidem sobre os combustíveis se os governadores aceitarem deixar de cobrar o ICMS.

Aspas de citação

Eu zero o [imposto] federal se eles zerarem o ICMS [que incide sobre os combustíveis]. Está feito o desafio aqui, agora. Eu zero o federal hoje e eles zeram o ICMS. Se topar, eu aceito

Jair Bolsonaro
Presidente
Aspas de citação

A declaração provocou reações ainda mais enérgicas por parte de governadores. Os tucanos João Doria e Eduardo Leite, mais alinhados com o governo, usaram palavras como "populista" e "insensato" para classificar a provocação. Pelo menos 23 governos estaduais se mostraram contra a revisão do ICMS sobre os combustíveis.

Ainda na quarta, o governador Renato Casagrande deu duas declarações. Em sua conta no Twitter e através de um vídeo enviado pela assessoria, o socialista havia afirmado inicialmente que o Estado estaria disponível para discutir medidas que possibilitem uma redução do preço nas bombas, que se colocava "inteiramente à disposição" para a discussão, mas que estava "esperando um primeiro passo do governo federal". Veja o vídeo e o tuíte abaixo:

No mesmo dia, o governador deu ainda uma entrevista para a coluna Painel do jornal Folha de S. Paulo subindo o tom e afirmando que Bolsonaro estaria blefando sobre a possibilidade de corte nos tributos que incidem sobre os combustíveis.

Ao jornal, o governador capixaba disse que Bolsonaro "sabe que não tem como executar" esse corte tributário e que por isso ele "cria uma discussão superficial, sem amparo nos números reais". As declarações foram dadas à coluna na tarde de quarta-feira (5) em Brasília, onde Casagrande participa de uma reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre auxílio financeiro para reconstrução de cidades afetadas pelas chuvas de janeiro.

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