Desde o último ano, principalmente, muito tem se falado sobre as inteligências artificiais. A tecnologia vem sendo utilizada nos mais diversos campos, e, em alguns aspectos, é tida como um facilitadora de rotinas. Ainda assim, especialistas entendem que é preciso ter cautela e algum equilíbrio na utilização desse recurso.
É um alerta feito, por exemplo, pela pesquisadora PhD e pós-doutoranda em Neurociência e Inovação Solange Mata Machado. Durante debate sobre a inteligência artificial, no evento de lançamento da revista Made in ES, da Rede Gazeta, nesta terça-feira (4), a especialista pontuou que tem ocorrido uma terceirização da capacidade cognitiva humana, o que, no longo prazo, tende a ser prejudicial.
Ela observa que a inteligência artificial, como outras tecnologias, a exemplo da realidade aumentada, tem um desenvolvimento exponencial, enquanto o cérebro humano tem uma capacidade adaptativa neurológica linear. E há lacuna entre eles que cresce rapidamente.
“A gente está vivendo situações e desafios complexos. E é neste aspecto que o ser humano começa a ter um papel preponderante. Só que o nosso desenvolvimento neurológico, o aprendizado é muito lento, é linear. E isso cria um grande desafio para as empresas, porque vão ter que cada vez mais aprender rapidamente.”
Ela considera que a incorporação da inteligência artificial nas rotinas de trabalho requer que os profissionais – principalmente aqueles que já estão há algum tempo no mercado de trabalho – desaprendam e reaprendam, por se tratar de um conhecimento relativamente novo em todo mundo.
“O aprendizado do ser humano, principalmente depois dos 25 anos, é muito mais difícil e isso vai requerer uma mudança muito grande, um mindset de persistência e disciplina”.
A pesquisadora enfatiza que a inteligência artificial estará cada vez mais presente dentro das rotinas de negócios e situações em geral. Mas lembra também que o ser humano ainda se prova essencial, sobretudo para o entendimento de desafios complexos.
“Porém quando a máquina começa a ser usada, leva junto a consciência de quem a programou e isso está levando junto vários vieses. E e isso é um problema, porque essa tecnologia pode ser usada para o bem e, principalmente, para o mal.”
O debate também contou com a participação do vice-governador do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, que destacou que “estamos diante de um desafio civilizatório”.
“A inteligência artificial já é parte das nossas vidas, e com muita intensidade. Todos nós estamos nos valendo da inteligência artificial para utilizar esse conjunto de aplicativos que facilitam em muito o nosso dia a dia. Então, não apenas no processo de produção, mas também no de convivência social e produtiva, a inteligência artificial veio para ficar. É uma realidade sem volta”.
Ferraço frisa, entretanto, que há benefícios e malefícios. É possível desenvolver atividades criativas, gerar textos, imagens códigos de programação, vídeos, entre tantas outras aplicações. Mas é um mecanismo que também abre brechas, por exemplo, para a desinformação.
Ele cita como exemplo imagens recentes, geradas por inteligência artificial, que foram disseminadas na internet e confundiram muitas pessoas, como uma foto em que o Papa Francisco utilizava uma roupa de neve estilosa, e outra em que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, era perseguido pela polícia.
“Isso tudo está gerando uma enorme confusão na cabeça das pessoas porque a fronteira entre o verdadeiro e o falso está dialogando com muita intensidade.”
O diretor do Escritório de Inovação e Tecnologia do Grupo Águia Branca, Janc Lage, enfatiza que, se utilizada em larga escala e sem nenhum freio, a inteligência artificial pode ser bastante perigosa.
“É um debate muito amplo. Como é que você coloca barreiras físicas, não só tecnológicas, para que essa autossuficiência seja controlada? Acredito que esse é o momento que nós estamos agora, de começar a ver que você precisa regulamentar o suficiente. Todo mundo que já viu onde isso está, lá na frente, vem falando: olha, tem que regulamentar, dar uma pausa, porque ficou perigoso.”
Os conteúdos do Made in ES podem ser acessados na página especial de A Gazeta.
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