Quem não gostaria de comprar um carro por R$ 5 mil? Ou ainda um imóvel por R$ 78 mil? Essas oportunidades — que parecem até boas demais para ser verdade — costumam ser comuns nos leilões, em que diversos itens possuem preços muito abaixo do mercado. Mas, como nem tudo são flores, quem quiser participar dessa modalidade de venda, precisa tomar alguns cuidados para não se complicar depois.
O leilão é uma modalidade de negociação de produtos na qual quem oferece o maior lance leva a oferta. Podem participar pessoas físicas e jurídicas maiores de 18 anos. Esse tipo de venda é muito usado por órgãos públicos para recuperar os investimentos de bens que estão com problemas de registros, pagamentos de impostos ou financiamento.
Atualmente, os leilões online têm ganhado força por ser uma oportunidade de adquirir um bem com apenas um clique. Entre os itens vendidos os compradores podem encontrar aparelhos eletrônicos, eletrodomésticos, produtos de beleza e vestuário, artigos de luxo, veículos e imóveis para todos os gostos e bolsos.
Mesmo assim, o consumidor precisa estar atento ao estado do bem, veículo ou imóvel, às taxas e até mesmo à confiabilidade do site. Pensando nisso, A Gazeta trouxe algumas dicas para comprar em leilão sem entrar em uma fria. Confira!
Não basta apenas entrar no site e dar o lance no item que você gosta. É preciso ler as regras daquela negociação no edital do leilão. Isso porque cada leilão tem normas diferentes relacionadas a quem pode participar, formas de pagamento, taxas adicionais, quem lidará com eventuais custos, entre outras especificações.
Além disso, no edital encontram-se as informações mais detalhadas sobre os bens que estão à venda. No ramo há mais de 10 anos, Luiz Buaiz Neto, advogado e preposto da Buaiz Leilões, explica que ler o edital é o primeiro e mais importante passo para qualquer um que deseja participar de arremate.
Os casos de crimes na internet estão aumentando a cada dia, e os golpes de leilões on-line falsos não fogem dessa estatística. Por isso, a leiloeira Hidirlene Duszeiko, do HD Leilões, alerta para os compradores sempre verificarem o site, o produto e o leiloeiro.
A Junta Comercial do Espírito Santo disponibiliza os dados e os contatos de todos os leiloeiros oficiais e registrados no Estado. A orientação e que o comprador denuncie sites falsos e os leiloeiros irregulares através do e-mail: [email protected].
Muitas vezes, a empolgação de dar só mais um lance pode custar caro depois. Isso porque, além do valor de negociação do item, o comprador que fizer o arremate vai precisar cobrir outros gastos, como comissão do leiloeiro, despesas de transferência, reforma, transporte e eventuais dívidas sobre o bem.
Assim, a dica de ambos os especialistas é calcular todas as despesas até o valor final e ser fiel ao seu orçamento. Também é fundamental observar qual o prazo e a forma de pagamento que estão no edital do leilão, pois cada uma tem condições específicas. Por exemplo, em caso de pagamentos a prazo, o bem fica restrito para venda até a quitação do valor.
O mundo dos leilões é cheio de oportunidades, mas você sabe identificar quando um item pode ser um bom negócio? De acordo com Luiz Buaiz, tudo depende do perfil do comprador, mas uma coisa é certa: se você é iniciante nesse mercado, mantenha os riscos baixos.
“Se você é investidor e quer comprar para vender, o ideal é comprar coisas com menor valor agregado. Comece por bens ou itens que tenham o menor valor e menor risco. Fique atento ao tempo de transferência de posse, de preferência às transferências rápidas. Já consumidores finais devem conversar bastante com os leiloeiros ou contratar especialistas para se sentirem mais confortáveis na negociação”, afirma o advogado.
Hidirlene também chama a atenção para que, sempre que possível, o comprador faça uma vistoria do bem antes da compra, para observar as condições do produto e se, mesmo com os custos de eventuais reparos, ele ainda será vantajoso.
“É muito importante ver as condições do bem, para saber o que é vantajoso ou não. Uma das dicas é observar o valor de mercado do produto, para saber se, ao final de tudo, ainda vai ser lucrativo”, esclarece ela, que é leiloeira há 17 anos.
Entre os itens mais famosos dos leilões, os imóveis se destacam por muitas vezes terem a metade do preço em relação ao mercado. Mas, caso o comprador não fique atento, o sonho de conquistar a casa própria, pode se tornar um pesadelo.
É possível que o imóvel que foi arrematado em leilão ainda esteja sendo ocupado pelos antigos moradores, impedindo que o comprador possa usá-lo. Porém, o advogado garante que essa situação deve estar descrita no edital do leilão e - diferente do que muitos pensam - não é tão difícil de resolver.
“Todas as informações dos bens devem estar no edital. Isso inclui o status de ocupação, mas vale deixar claro que, caso ainda tenha algum inquilino no imóvel que foi comprado, basta fazer uma petição de imissão de posse. O juiz logo irá conceder e os inquilinos receberam uma ordem judicial para deixar o imóvel”, explica Luiz Buaiz.
Quem possui interesse em comprar um imóvel nesse tipo de negociação, também deve verificar se o bem possui dívidas e processos — como atraso no IPTU, documentação e penhoras — e se o comprador é responsável por lidar com esses custos. Tudo isso precisa ser levado em conta antes de fazer o lance.
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