A Vale prevê iniciar até 2024 a construção do ramal ferroviário que vai ligar a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) até Anchieta, no Litoral Sul capixaba. Essa será a primeira etapa de um projeto sonhado há anos pelo setor produtivo capixaba para ligar o Espírito Santo ao Rio de Janeiro por trilhos, a chamada EF-118.
Nesta quarta-feira (30), a mineradora assinou o compromisso de elaborar o projeto básico de engenharia para construção do segundo trecho, entre Anchieta e Presidente Kennedy. A doação ao Estado foi selada em evento no Palácio Anchieta que contou com a presença do governador Renato Casagrande.
A obra até Anchieta deve durar entre quatro e cinco anos e já está com o projeto básico de engenharia pronto, aguardando aprovação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A construção dessa primeira parte será feita pela própria Vale, conforme previsto no contrato de concessão da EFVM, renovado em 2020. O valor do investimento, no entanto, não foi informado.
Uma vez autorizado o ramal entre Santa Leopoldina e Anchieta pela ANTT, a Vale vai avançar no detalhamento do projeto, o que vai definir as desapropriações, os custos, materiais usados e o traçado final, para que sejam solicitadas as licenças para início das obras.
Já a segunda etapa, que terá o projeto elaborado a partir de agora pela Vale, não tem previsão de ser construída pela mineradora. A partir do estudo básico pronto, o governo do Estado vai negociar com o governo federal para encontrar uma alternativa para a construção do trecho até Presidente Kennedy.
Uma alternativa, segundo o secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo, Tyago Hoffmann, é que o próprio Estado ajude financeiramente a viabilizar a obra.
"Todas as equações serão analisadas. A ideia é juntar novamente a energia do Estado com o setor produtivo para que nós possamos discutir as possibilidades, assim como fizemos para chegar a essa etapa atual de ter a construção confirmada até Anchieta e de termos o projeto até Presidente Kennedy".
O secretário levantou duas hipóteses: "O novo marco regulatório das ferrovias prevê como possibilidade o investimento privado, mas o Estado também está disposto a colaborar, inclusive investindo recursos para que a gente possa - dentro de um fundo com recursos privados, federal e estadual -, viabilizar essa construção", explicou.
De acordo com o diretor de Relações Institucionais da Vale, Luiz Ricardo Santiago, a elaboração do projeto para construção do segundo trecho é uma ação voluntária da mineradora, que vai doar o estudo ao Estado. A confecção do projeto terá custo de R$ 35 milhões e deve durar até um ano.
A chegada da ferrovia até Presidente Kennedy é considerada estratégica para o Estado, uma vez que para o município está prevista a construção do Porto Central, complexo industrial-portuário de águas profundas que vai movimentar cargas diversas.
A EF-118, quando pronta, deve conectar vários portos no Espírito Santo e no Rio de Janeiro. São eles o porto de Ubu (da Samarco, em Anchieta), o Porto Central (que será construído em Kennedy), o Porto do Açu (em São João da Barra/RJ), e o Porto da cidade do Rio de Janeiro (RJ), e os portos de Tubarão e de Vitória - este último privatizado nesta quarta-feira (30).
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