A Vale prevê investir um total de R$ 7,7 bilhões no Espírito Santo nos próximos anos apenas no modal ferroviário. Com a renovação da concessão da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) aprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a mineradora terá de realizar melhorias na malha já existente e ainda construir um ramal férreo entre Cariacica e Ubu, em Anchieta.
De acordo com o governador Renato Casagrande, a empresa estima um investimento de R$ 4,5 bilhões apenas no trecho capixaba da EFVM e de mais R$ 3,2 bilhões para o ramal que virá a ser futuramente o primeiro trecho da Ferrovia Vitória-Rio (EF 118).
Os números foram divulgados pelo governador nas redes sociais nesta quinta-feira (30) e, segundo a assessoria do governo, foram repassados pela própria Vale.
A estimativa da mineradora para construir a nova ferrovia em solo capixaba é mais alta que a do Ministério da Infraestrutura. O ministro Tarcísio Freitas tem dito que o trecho demandaria cerca de R$ 2 bi a R$ 2,5 bilhões para a empresa.
A construção, que segundo as previsões do governo deve se iniciar entre o final de 2021 e início de 2022, tem potencial de gerar cerca de 1,8 mil empregos diretos no Estado, segundo estimativa da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).
Além da obra, o contrato que deve ser assinado até o final do ano prevê ainda que a empresa seja responsável por entregar todo o projeto executivo da ferrovia até o Rio. De acordo com Casagrande, a Vale calcula que vai levar um ano para entregar esse projeto, a contar da assinatura do contrato.
A ideia do governo federal é, com o primeiro trecho pronto e o projeto de toda a estrada de ferro em mãos, fazer uma nova concessão. Assim, o grupo vencedor iria operar a nova malha e ser responsável por construir mais uma parte da EF 118.
A ideia é que a nova ferrovia conecte portos capixabas e fluminenses, reduzindo o custo do frete. Além do Porto de Ubu, da Samarco, outro empreendimento que deve ser beneficiado com a linha férrea é o Porto Central, que será erguido em Presidente Kennedy. O diretor de desenvolvimento do negócio, José Salomão Fadlalah, comemorou a conquista do primeiro trecho.
"É muito bom esse anúncio do governo. Agora a ferrovia vai ficar muito mais perto do Porto Central. Vai ficar faltando um trecho de 70 quilômetros, que é muito mais fácil ser viabilizado depois. Nós vemos isso como algo muito positivo e que vai ajudar muito ao porto", disse.
Já os investimentos na EFVM que serão realizados no Estado devem ser maiores do que os previstos para Minas Gerais, onde fica a maior parte do traçado. O contrato prevê R$ 8,5 bilhões ao longo de toda a ferrovia. Ficando R$ 4,5 bilhões no Espírito Santo, como, como prevê a empresa, o trecho mineiro receberia R$ 4 bilhões.
A maior parte dos investimentos deve ser realizada em até seis anos da assinatura do contrato, segundo o Ministério da Infraestrutura. No caso da EFVM, parte da verba será para aquisição de novas locomotivas e para obras de conflito urbano nos municípios cortados pela linha, como construção de viadutos, elevados e pontes.
Outra parte, porém, será para manutenção da operação na EFVM e realização de melhorias no traçado que permitam um aumento no transporte de cargas e de passageiros. No caso dos investimentos para manutenção, o prazo é ao longo de toda concessão, ou seja, até 2057.
Procurada desde quarta (29), a Vale não enviou resposta sobre previsão de valores de investimentos, contratações ou prazos para obras no Espírito Santo. Em comunicado ao mercado, a empresa apenas defendeu os benefícios do modelo e disse que submeterá a proposta de renovação ao seu Conselho de Administração.
"A Vale acredita que as prorrogações antecipadas de suas concessões são vantajosas para a sociedade, uma vez que apresentam uma série de benefícios para as comunidades próximas às suas concessões e para o desenvolvimento econômico do país, sendo também benéficas para a empresa, tendo em vista a natureza de seus negócios, pela qual a decisão de investimento é pautada por uma visão de longo prazo", diz um trecho do comunicado.
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