A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus atingiu com força o bolso dos consumidores em 2020. Embora a renda de muitos tenha diminuído – por falta de emprego, ou redução salarial –, o custo de vida continuou avançando. É o que mostrou nesta terça-feira (12) a nova pesquisa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a métrica de inflação oficial do país.
Na Grande Vitória, o IBGE apontou que a inflação ficou em 5,15% no passado, acima da média nacional, puxado sobretudo pelos preços de alimentos e bebidas.
Só os itens de alimentação subiram 18,35% entre janeiro e dezembro no Espírito Santo. Esse avanço foi maior que a média nacional, de 14,09% para esse grupo de produtos, segundo os dados.
Confirmando uma tendência observada ao longo dos meses, os grandes vilões da cesta básica em 2020 foram o tomate (136,45%), o óleo de soja (95,07%) e o arroz (78,39%). Outro item básico da mesa dos capixabas, o feijão preto encareceu 33,68%.
Outros alimentos cujos preços também dispararam foram o mamão (83,21%), a batata inglesa (77,21%), a maçã (63,71%), a costela (47,29%), a carne de porco (42,7%), o queijo (38,18%, a laranja-pera (37,99%), o açúcar cristal (32,73%), e a farinha de trigo (26,25%). São pelo menos 30 produtos, no total, com avanços superiores a 20%.
Por outro lado, o número de produtos que efetivamente registraram queda nos preços no ano passado é bem inferior. No grupo de alimentação e bebidas, somente sal e condimentos (-3,09%), cerveja (-3,71%), alho (-10,74%) e limão (-37,49%) ficaram mais baratos.
Conforme observou o economista Mário Vasconcelos, especialista em economia doméstica, um dos fatores que contribuíram para a elevação dos preços, de modo geral, foi o aumento da demanda, provocada principalmente pela liberação do auxílio emergencial.
“Muitas pessoas já estavam desempregadas, ou perderam a renda depois. Quando tiveram acesso ao auxílio, optaram primeiramente por gastar com alimentação, que era o mais importante. Ocorre que, apesar do aumento da demanda, não houve um aumento da oferta. Pelo contrário, houve queda na produção de determinados produtos, e isso influenciou os preços.”
Somado a isso, as famílias, estavam passando mais tempo em casa, e cozinhando mais, ou mesmo comprando mais comida por delivery. Isso também abalou os preços.
Outro fator que contribuiu para o encarecimento dos alimentos foi a alta do dólar, que favoreceu as exportações e desequilibrou o mercado interno, conforme observou o economista Marcelo Loyola Fraga.
“Alguns países que importam nossos alimentos estavam enfrentando desabastecimento, e o que levou a um aumento na demanda externa. Com o dólar mais alto, a exportação tornou-se muito mais vantajosa. Veja o que ocorreu com o arroz, por exemplo. O produto já vinha passando por uma queda na produção, e a conjuntura favoreceu a venda para outros países. Isso tornou o preço do arroz no país quase absurdo.”
Ao mesmo tempo, a alta do dólar influenciou o preço de produtos importados e commodities, como a farinha de trigo, o feijão, ou mesmo a carne.
“São diversos fatores que fizeram com que a cesta básica e os produtos de alimentação em geral tivessem uma alta de preços elevada. Mas, de certo modo, já era algo esperado”, avalia Fraga.
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