A venda da ES Gás à iniciativa privada deve atrair investimentos para o Espírito Santo, de acordo com setores produtivos do Estado. O governador Renato Casagrande (PSB) anunciou nesta quinta-feira (05) que a empresa criada no final de 2018 para trabalhar na distribuição de gás natural deve ser gerida pela iniciativa privada. A companhia é uma sociedade entre o governo capixaba e a BR Distribuidora.
Conforme publicado em primeira mão pela colunista de Economia de A Gazeta Beatriz Seixas, a ideia do governo é deixar de gerir a companhia, mas permanecer com alguma participação no negócio. Casagrande pretende enviar à Assembleia Legislativa o pedido de autorização para ofertar ações da empresa ao mercado.
Em entrevista à coluna, o governador afirmou ainda que o Estado continua com o ativo, mas a ES Gás passa a ter o controle da iniciativa privada. Assim, a empresa poderá ter uma condição mais adequada a um mundo de tanta competitividade. E tem ainda a vantagem que quem entrar terá um contrato totalmente moderno em termos de regulação, em sintonia com as novas normas e regras que vêm sendo trabalhadas pelo governo federal para o novo mercado de gás.
Em junho do ano passado, o governador não descartava nem confirmava a privatização a ES Gás. Na época foram anunciadas medidas de quebra do monopólio do mercado de gás para atrair investimentos para os Estados.
Durval Vieira de Freitas, coordenador Fórum de Petróleo e Gás da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), afirma que a venda da companhia de gás vai atrair negócios que usam o produto como uma de suas matérias-primas, como as empresas de siderurgia, vidro e carvão. Além disso, pode até baratear para o consumidor residencial.
Outro ponto importante é a capacidade que o Espírito Santo terá de brigar com Singapura e China pela atração de investidores. Ter gás com preço mais competitivo favorece que as multinacionais optem por se instalarem no Estado e isso movimenta toda a cadeia produtiva da indústria, gerando mais empregos.
De acordo com o economista Antônio Marcus Machado, a proposta do governo de conceder a ES Gás veio em um momento oportuno. Para Machado, deixando de gerenciar a empresa pública, o governo capixaba pode se concentrar mais em atividades que são insubstituíveis ou intransferíveis, como as relativas a saúde e educação.
"Com a empresa passando para a administração privada, o modelo de gerenciamento será mais ágil. A legislação que rege a iniciativa privada é menos morosa do que a que rege o setor público. É uma decisão que tende a trazer mais dinamismo para a economia do Estado pela questão legal e pela vocação do setor privado de realizar investimentos.
Além disso, ele aponta que a privatização da ES Gás vai criar segurança para o investidor que quer entrar no mercado. "Um fator de atratividade do capital externo é exatamente o volume do processo decisório das mãos da iniciativa privada. Existe muita resistência nos países em desenvolvimento quando ele esta nas mãos do governo. Os empresários, normalmente, gostam de negociar com outros empresários", analisa.
No meio empresarial a notícia repercutiu positivamente. Fabio Brasileiro, diretor-presidente do Espírito Santo em Ação, avalia a decisão do governo como acertada. "Produção e distribuição de gás não é papel do governo. A formatação do negócio trouxe um ganho para o Estado, o governo estrutura uma empresa e logo anuncia que vai sair para que o investidor privado toque o negócio. Isso é papel de empresa privada, não do Estado", pontua.
"Imagina se o governo tivesse que fazer a gestão do preço do gás no Estado. Ele poderia ter um conflito na gestão e ter até que subsidiar os preços em algum momento. Esse é um avanço produtivo importante", conclui.
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