Menos de um mês após o anúncio da venda da Itapemirim Transportes Aéreos (ITA) à Baufaker Consulting, empreendimento de pequeno porte, com sede em um espaço coworking do bairro Taguatinga Norte, em Brasília, no Distrito Federal, o comprador desistiu do negócio avaliado em R$ 180 milhões.
A desistência foi anunciada por meio de uma petição protocolada na segunda-feira (2) nos autos do processo de recuperação judicial do Grupo Itapemirim, a quem pertence a aérea. A informação é do jornal O Globo.
O empresário Galeb Baufaker Junior alegou que desistiu do negócio por conta da decisão judicial que determinou o “bloqueio e indisponibilidade da totalidade do patrimônio de Sidnei Piva de Jesus, o que alcança as quotas e ações que são objeto do contrato firmado com a notificante (Baufaker Consulting)”.
A venda da ITA à Baufaker foi anunciada no dia 12 de abril em comunicado assinado pelo presidente da aérea, Adalberto Bogsan. Em texto enviado aos colaboradores da companhia, o executivo afirmou que, após concretizar o negócio, o novo acionista concentraria esforços na capitalização da empresa, na reorganização e manutenção do grupo de colaboradores e executivos.
O acordo contemplava a aquisição e manutenção do leasing de cinco aeronaves A320CEO, retomada de reuniões com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e negociações com credores para o pagamento de dívidas, como salários, arrendamentos, taxas aeroportuárias, reembolso de passageiros e outros. O negócio foi questionado pela Justiça.
A reportagem chegou a tentar contato com a empresa, via e-mail, ligação telefônica e mensagens, mas não teve retorno. A Baufaker não tem site próprio ou página nas redes sociais. O grupo Itapemirim também foi procurado, mas não se manifestou.
Em 17 de dezembro de 2021, o braço aéreo do grupo Itapemirim anunciou o que seria uma suspensão temporária de suas operações, que prejudicou mais de 45 mil passageiros com passagens aéreas compradas até 31 de dezembro de 2021. Ainda no dia 17, a Anac suspendeu a licença da empresa para operar.
A empresa aérea havia iniciado as operações apenas seis meses antes da paralisação das atividades, mas no curto período de atuação, foi alvo de uma série de reclamações envolvendo atraso em pagamento de salários e cancelamento de voos, inclusive antes do voo inaugural, sob a justificativa de readequação da malha.
A ITA já surgiu em um momento conturbado, em meio à crise sem precedentes no setor aéreo em função da pandemia e, mais grave ainda, ao processo de recuperação judicial enfrentado pela Viação Itapemirim, principal negócio do grupo.
Em janeiro, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) pediu à Justiça que declarasse a falência da ITA, assim como da Viação Itapemirim, principal negócio do grupo, que teve seu processo de recuperação judicial homologado em 2019. Em 18 de abril, a Promotoria de Justiça de Falências do MPSP, informou, entretanto, que não havia "nenhum impedimento para a venda da empresa."
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