O Espírito Santo pode descobrir uma nova província de petróleo e gás natural no pós e no pré-sal com um movimento que a Petrobras está fazendo para vender blocos exploratórios. A petroleira informou ao mercado na noite de segunda (1°) que iniciou o processo de venda de parte de suas participações em cinco concessões na Bacia do Espírito Santo.
Para especialistas, a comercialização deve trazer para o Estado novos operadores, demandando mais mão de obra, além de atrair de volta investimentos em exploração, atividade que estava enfraquecida e que levou à queda na produção de petróleo nos últimos anos.
A venda é de parte das concessões ES-M-596_R11, ES-M-598_R11, ES-M-671_R11, ES-M-673_R11 e ES-M-743_R11. Elas foram adquiridas na 11ª Rodada de Licitações da Agência Nacional de Petróleo (ANP) em 2013 e estão atualmente no 1º período exploratório.
Blocos exploratórios são áreas com potencial para descoberta de acumulação de óleo e gás. Na fase exploração, são realizados investimentos de prospecção para descobrir óleo e identificar se é viável ou não sua produção comercialmente.
Segundo a Petrobras, as concessões estão estrategicamente posicionadas em relação às descobertas do pós-sal nas áreas conhecidas como Parque dos Deuses, Parque dos Doces e Parque dos Cachorros, na Bacia do Espírito Santo, "com potencial de comprovar significativos volumes e firmar posição em uma nova fronteira exploratória tanto do pré-sal quanto do pós-sal", informou.
Para Márcio Félix, presidente da Energy Platform (EnP), o desinvestimento da estatal tende a ser um "trampolim para que outras empresas desenvolvam a Bacia do Espírito Santo na vocação dela, que é gás e óleo leve", sobretudo pela infraestrutura já existente na região, que é compreendida a partir do Norte de Vitória.
"A Petrobras está dizendo que está próximo de uma descoberta, o que dá uma valorizada no ativo. Além disso, é uma área com vocação para o gás e que já tem uma infraestrutura de gás muito boa, com gasodutos marítimos que chegam até [a unidade de processamento de] Cacimbas, em Linhares, e também ligada à rede de transporte", analisa.
Com isso, na avaliação de Félix, o Estado tem a oportunidade de ampliar seus investimentos no setor. "Se o gás vai se tornar uma coisa importante como estamos projetando, ter disponibilidade de gás lá e infraestrutura já pronta é uma festa para quem quer investir nisso".
Para o presidente da ES Gás, Herber Resende, só o fato de aumentar o número de operadores já seria positivo para o Estado. "A Petrobras hoje está com grandes questões para resolver no pré-sal e se concentrando lá. Isso abre espaço para outros operadores que querem investir aqui, então é muito bom para o Estado".
Os investimentos em exploração são considerados fundamentais para que o Estado possa ver novamente um incremento na produção de óleo e gás, afinal é por meio deles que se chegam a novas descobertas, o que não acontece há muitos anos no Espírito Santo.
Nessas cinco concessões, a Petrobras tem participações em sociedade com outras empresas como a norueguesa Equinor e a francesa Total. Essas duas estão deixando suas participações nas áreas e as cedendo para a Petrobras, em um processo que está em fase de aprovação pela ANP e pelo Cade.
Após superado esse trâmite, a estatal vai ficar com 100% da concessão de três blocos e com 80% em outros dois, em sociedade com a Enauta. O que ela quer vender é parte dessa nova participação, visando ter um parceiro para ajudar nos investimentos em exploração.
"A Petrobras comprou essas participações dos sócios e agora está vendendo. Essas empresas (Total e Equinor) já estão cheias de ativos no Brasil e preferiram deixar esses. Com isso, há a oportunidade da Bacia do Espírito Santo atrair novos atores para junto da Petrobras e já com perfil mais voltado para o gás", pontuou Márcio Félix.
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