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Venda de imóveis cresce em Vitória até em bairros com m² acima de R$ 15 mil

Venda de imóveis cresce em Vitória até em bairros com m² acima de R$ 15 mil

Com queda de juros, comercialização na Capital já supera patamar de período pré-pandemia e perspectiva é de lançamentos nos próximos meses

Publicado em 17 de setembro de 2020 às 09:49

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Imóveis em construção:  é importante analisar a taxa de juros antes de financiar
Venda de imóveis na planta está crescendo. (Carlos Alberto Silva)

Acompanhando a melhora gradual no desempenho das atividades econômicas já no início do terceiro trimestre, o mercado imobiliário começa a dar sinais de retomada. Somente em Vitória, foram vendidos 80 imóveis no mês de julho, de acordo com a pesquisa de mercado mensal elaborada pela equipe de Reseach da Apex Investimentos Imobiliários.

O número representa um aumento de mais de 600% na comparação com o mês de abril, que apresentou o pior resultado desde o início da pandemia do novo coronavírus. E, mais que isso, é o melhor resultado mensal observado desde o início de 2020. A comercialização tem crescido até em bairros com metro quadrado que custa acima de R$ 15 mil.

A pesquisa também apontou um aumento no Índice de Velocidade de Vendas (IVV) que, em julho, atingiu 2,91%, ante 2,49% no mês anterior. Após período de queda, o índice, que mede a rapidez com que o estoque de imóveis disponíveis é vendido, volta a se aproximar dos resultados observados no período pré-pandemia.

O movimento consolida um crescimento da demanda por unidades residenciais que, durante os últimos anos de recessão econômica, esteva reprimida. Essa demanda está sendo impulsionada por projeções macroeconômicas otimistas no médio e longo prazo e pelas condições de financiamento cada vez mais acessíveis e viáveis, conforme destacou o sócio da Apex, Marcelo Murad.

“O mercado imobiliário está inserido em um ambiente complexo, afetado por uma série de fatores, que vão desde taxa de juros, condições de financiamento, emprego, renda, atividade econômica. Ainda temos uma situação de desemprego e uma redução de massa salarial significativa, mas já observamos uma melhoria nas condições de financiamento, e isso acaba afetando o mercado.”

Apesar da cautela em função da situação econômica do país, o momento de juros baixos tem permitido mais famílias realizarem o sonho da casa própria no Estado. A Selic, taxa básica de juros, chegou recentemente ao patamar de 2% ao ano, o mais baixo da história.

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Tivemos uma retração muito forte das vendas durante a pandemia. Sem dúvidas isso reprimiu a compra de imóveis nesse período. Mas acredito que estamos num viés de retomada

Marcelo Murad
Sócio da Apex Partners
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Com a melhora do desempenho das atividades econômicas a partir deste trimestre, e a expectativa é de que redução nos níveis de desemprego. Com a queda nas taxas de desocupação e consequente aumento da renda, aliada às condições favoráveis para financiamento imobiliário, é esperada não apenas uma nova elevação do número de imóveis vendidos, mas também lançamentos de novos empreendimentos, reprimidos pelas construtoras nos últimos anos, conforme destacou o empresário.

CONFIRA A ENTREVISTA

Houve uma queda nas vendas durante a pandemia, mas, nos últimos meses, tem havido uma melhora. Acredita que o que houve foi adiamento das compras, em vez de desistências?

  • É um diagnóstico complexo. O mercado imobiliário está inserido em um ambiente afetado por uma série de fatores, que vão desde taxa de juros, condições de financiamento, emprego, renda, atividade econômica. Ainda temos uma situação de desemprego e uma redução de massa salarial significativa, mas observamos uma melhoria nas condições de financiamento. Como tivemos uma retração das vendas no período de pandemia, parte do resultado de agora pode vir dessa demanda reprimida. Mas também temos que considerar a evolução do  mercado, e acredito que a gente está num viés de retomada. Os estudos apontam a retomada de crescimento econômico a partir deste trimestre, e isso deve reduzir os níveis de desemprego. E com os juros no patamar que estão, acho que temos combustível suficiente até que o mercado retome efetivamente as vendas.

Combustível o bastante para voltar a fazer lançamentos na Capital?

  • Não tenho dúvidas. A gente já tem visto esse movimento. No começo deste ano tivemos um dos piores níveis de lançamento da década, mas já vemos um movimento, a partir deste trimestre, de reaquecimento. Em setembro, já temos confirmações de mais lançamentos que no acumulado do ano. Estão mapeados quinze lançamentos entre setembro e dezembro, contra três no início do ano. Existe uma oferta reprimida nas construtoras, esperando justamente esse momento de entendimento que a retomada pode ocorrer de forma mais forte.

De que forma a redução da Selic ajudou nessa retomada?

  • A taxa de juros do financiamento está diretamente relacionada à taxa de juros básica do mercado. E a gente viu um movimento dos bancos de buscarem reduzir e aumentar a competitividade nesse sentido. Com a redução, o público consumidor está obtendo crédito mais barato. O investidor também está apostando na compra de imóveis, inclusive para alugar. A renda de aluguel voltou a ser muito atrativa quando comparada às aplicações financeiras mais tradicionais, como letra do Tesouro, poupança.

Marcelo Murad, sócio da Apex Partners. (Divulgação)

Que outros fatores, além da redução da taxa, podem ter contribuído para esse cenário?

  • Acho que, no curto prazo, a redução da Selic é o principal fator. A gente já viu também uma recuperação dos níveis de confiança, tanto do consumidor quanto da indústria.

Por falar em indicadores, o Índice de Velocidade de Vendas já volta a se aproximar dos resultados observados em janeiro. Mas o que esse dado expressa?

  • O Índice de Velocidade de Vendas mede basicamente a velocidade em que o estoque que você tem disponível está sendo vendido. É importante destacar que estamos em níveis muito baixos. Em níveis históricos, 2%,3%, é muito baixo. Você hoje leva de 3 a 5 anos para vender um empreendimento.

A tendência é de elevação nos próximos meses?

  • Já estamos percebendo essa elevação, relacionada ao volume de vendas. A grande expectativa é que a gente não apenas consiga ter uma velocidade de venda maior, mas que a gente consiga pelo menos o triplo do volume de vendas por mês, que é o que eu considero aceitável para Vitória, cerca de 300 unidades por mês.

Que bairros mais têm se destacado na Capital?

  • Temos destaque em três grupos: maior volume de vendas, maior venda sobre a oferta, e maior valorização de preço. Jardim Camburi, que tem todo um dinamismo, e Enseada do Suá, são os principais em relação ao número de vendas.  O que tem o melhor desempenho, quando se pega a quantidade de vendas sobre o que tem de ofertas, é Jardim da Penha. E temos que destacar também a Praia do Canto, por causa dos preços do metro quadrado. Todos esses bairros têm surpreendido dentro desses contextos. Mas se considerar, por exemplo, que os novos lançamentos da Praia do Canto já vão ter o metro quadrado acima de R$ 15 mil, considero surpreendente, principalmente pelo que estamos vivendo.  

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