Após alcançar recorde de vendas no segundo semestre do ano passado, o setor imobiliário na Grande Vitória começa a sentir uma desaceleração no ritmo. Um dos principais motivos, segundo análises do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon-ES), é a alta dos preços do material de construção, que já começa a se refletir nos novos lançamentos.
De acordo com o Índice de Velocidade de Vendas (IVV), calculado pela entidade e apresentado nesta quarta-feira (2), em setembro e outubro de 2020 houve um aumento expressivo nas vendas. O indicador, que reflete o número de imóveis vendidos em relação aos disponíveis em cada mês, esteve acima em 12% na Grande Vitória pela primeira vez desde que começou a medição, há dez anos. Contudo, no primeiro trimestre deste ano ele caiu para cerca de 8%.
O dado, embora ainda seja maior que o observado em anos anteriores à pandemia do coronavírus, mostra uma redução no ritmo de crescimento do setor. O levantamento é feito com dados das 20 maiores construtoras e incorporadoras do Estado, que representam cerca de 80% do mercado.
"No ano passado, diante das incertezas, as empresas seguraram os lançamentos e 'desovaram' os estoques com preços atraentes. Agora os estoques acabaram e estamos com preços de lançamento, que são outros. O pior é que isso acontece em um momento de insegurança muito forte por conta do material de construção. A expectativa nacional é de preços 10% mais altos para repor esses custos", explicou o vice-presidente do Sinduscon-ES, Aristóteles Passos Costa Neto.
Alguns materiais, como condutores elétricos, tubos de ferro e aço, vergalhões e tubos de PVC, tiveram alta de mais de 60% no acumulado de 12 meses (entre março de 2020 e abril de 2021). Muitos deles são utilizados justamente na fundação dos imóveis, ou seja, provocam aumento de custos logo no início da obra.
O diretor de Economia e Estatística da entidade, Eduardo Borges, destacou ainda outras razões para a desaceleração no ritmo de vendas. Segundo ele, houve uma queda brusca nos indicadores de venda logo no início da pandemia, sendo sucedida por um crescimento "explosivo" nos meses seguintes, indicando haver uma demanda reprimida.
Também ocorreu um efeito psicológico do confinamento, que fez com que muitas famílias decidissem trocar seu imóvel por outro mais espaçoso. Contudo, esses fatores, que contribuíram para a alta das vendas no segundo semestre do ano passado, não estão mais tão presentes.
"Houve o fim da demanda reprimida e, querendo ou não, o isolamento maior não esta mais em prática. Com o cenário de vacinação, as pessoas se acalmaram e voltaram a planejar o futuro. Outro motivo foi a Selic, que voltou a subir um pouco, embora ainda seja uma taxa baixa, possivelmente positiva para compra de imóveis", afirma.
Ainda assim, a entidade aposta em um 2021 aquecido para o setor, embora sem a mesma força que apresentou no ano passado.
Nos primeiros três meses deste ano, segundo a entidade, foram lançados 572 novas unidades e 882 foram vendidas. Ainda assim, o volume de estoque segue estável com cerca de 3,3 mil imóveis.
Há, atualmente, 10,9 mil unidades residenciais em construção na Grande Vitória, quase metade delas (47%) em Vila Velha.
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