O primeiro mineraleiro de grande porte do mundo equipado com o sistema de velas rotativas (rotor sails) a serviço da Vale atracou no Porto de Tubarão, em Vitória, na noite desta terça-feira (27). Um vídeo publicada na tarde desta quarta-feira (28) pela página Portos do Espírito Santo mostra o navio já em águas capixabas.
O Sea Zhoushan atracou por volta das 23h30, com auxílio de cinco rebocadores: Camorim Topázio, Itabira, Brucutu, Hélio Ferraz I e Timbopeba. A embarcação, que saiu da China há algumas semanas, é um Guaibamax da categoria VLOC (Very Large Ore Carrier) com capacidade de transporte de 325 mil toneladas de minério de ferro e pelotas.
São cinco velas rotativas instaladas ao longo da embarcação. Essas estruturas, que são rotores cilíndricos, têm quatro metros de diâmetro e 24 metros de altura, e, durante operação, giram em diferentes velocidades, dependendo de condições ambientais e operacionais, para criar uma diferença de pressão e impulsionar o navio para a frente.
Segundo a mineradora, esses mecanismos permitirão um ganho de eficiência de até 8% com a operação e uma consequente redução de emissão de até 3,4 mil toneladas de CO2 equivalente por ano .
Como mostrou A Gazeta, essa é a primeira operação do navio, que, até o final desta semana, retornará ao território chinês carregado de minério. O navio leva, em média, até dois dias para ser carregado.
Por enquanto, trata-se de um projeto-piloto. No entanto, a Vale estima que caso a tecnologia se mostre eficiente, pelo menos 40% da frota estaria apta a usar esse tipo de vela, o que impactaria em uma redução de quase 1,5% das emissões anuais do transporte marítimo de minério de ferro da companhia.
O sistema existe desde o século XIX, mas somente nos últimos anos passou a ser utilizado em navios de grande porte, como de passageiros, cargueiros e petroleiros.
Conforme explicou o gerente-executivo de Navegação da Vale, Guilherme Brega, em entrevista à reportagem de A Gazeta, a operação faz parte do programa Ecoshipping, criado para atender às metas da empresa de reduzir suas emissões de carbono.
Em 2020, a companhia anunciou um investimento de aproximadamente R$ 6 bilhões para reduzir em 33% suas emissões de carbono diretas e indiretas, denominadas escopos 1 e 2, até 2030. Anunciou ainda que irá reduzir em 15% as emissões de escopo 3 até 2035, relativas à cadeia de valor, das quais as emissões de navegação fazem parte, já que os navios não são próprios.
"As velas se dobram e praticamente deitam no convés, reduzindo o uso de combustível e as emissões. Mas não só isso: no momento que reduz o consumo, viabiliza a utilização de combustíveis alternativos. Acaba sendo um enabler de outras tecnologias", disse.
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