Artistas costumam colocar um pouco de si mesmos em suas obras. Mesmo quando retratam outra pessoa, eles se apoiam no próprio ponto de vista, baseado-se em percepções únicas. Sensibilidade que pode ser potencializada quando o sentimento expressado é a fé. E o maior evento religioso do Espírito Santo, a Festa da Penha — que começa neste domingo (31) e segue até a próxima segunda-feira (8) —, por exemplo, também inspira esse tipo de manifestação.
Seja pela devoção a Nossa Senhora da Penha, seja pela história e encanto com o Convento, artistas escolheram a padroeira do Espírito Santo e o santuário em Vila Velha como inspiração de seus trabalhos. Veja, a seguir, algumas dessas histórias.
Antes da arte, a fé quase levou Laerty Tavares a ser padre. Ele, que é natural de Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, chegou a ingressar no seminário quando tinha 18 anos, logo depois de terminar o ensino médio. Lá, começou a desenhar. Mas foi nos Estados Unidos onde passou a frequentar ateliês e escolas de arte.
O pintor também morou durante 20 anos na Prainha, em Vila Velha, próximo à entrada do Convento. Isso o influenciou tanto a se tornar seminarista quanto no tema central de seu trabalho: Nossa Senha da Penha. Quando voltou dos Estados Unidos, abriu um ateliê na vizinhança do sítio histórico. Devoto da padroeira do Estado, o artista conta que, recentemente, teve uma questão de trabalho resolvida por um milagre.
"Uma amiga de Campinas (SP) ia enviar umas molduras para mim, mas o funcionário da companhia aérea informou que não tinha como por causa do tamanho. Ela tentou conversar, mas ele estava irredutível. Essa amiga me ligou para contar e minha reação foi rezar para Nossa Senhora da Penha. Na mesma hora, aconteceu uma troca de turno e apareceu um 'anjo' que liberou as molduras para virem", relata o pintor.
Do martelo no tribunal ao pincel para pintura na cerâmica, a ex-juíza Terezinha Lordello adotou o nome artístico de Tete após se aposentar e agora é ceramista. Os trabalhos dela ficam expostos em um ateliê na Prainha, em Vila Velha, a uma pequena distância da entrada do Convento da Penha.
"Quando comecei a pensar em me aposentar, passei a fazer alguns cursos de arte. Eu queria ter feito antes de cursar Direito, lá atrás", conta.
Já aposentada, ela escolheu se dedicar à pintura em cerâmica. Toda obra é feita por ela de ponta a ponta. Primeiro, faz a modelagem dos pratinhos com argila. Depois, realiza uma primeira queima. Aí vem a fase de pintar e esmaltar, seguida por uma outra queima para garantir a qualidade do desenho da pintura.
Ela conta que é católica de criação, mas foi a paixão pelo santuário mariano que levou sua arte à temática religiosa. "Eu gosto muito do Convento. Vou muito lá. Também tenho obras sobre a Igreja do Rosário."
Janine Cassa é sócia de Tete no ateliê, que funciona na Prainha há dois anos e meio. Ela conta que começou a pintar com 11 anos de idade. Além da pintura e cerâmica, também faz esculturas.
Para Janine, a região inspira sua arte. "Aqui se respira religião. A Igreja do Rosário, o Convento, todo turista que passa por aqui vem para ver isso. Nós até tivemos a oportunidade de montar o ateliê em outro lugar, mas escolhemos a Prainha, porque tem essa história com a religião e a fé."
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