Há 30 anos a Convenção sobre o Direito da Criança do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apresentou os desafios de meninos e meninas no Brasil. De lá para cá, foram diversos avanços na garantia de direitos básicos de nossas crianças, principalmente relacionado ao acesso à saúde e à educação. Porém, passados três décadas, adolescentes de diversas partes do país apontam novas barreiras para o desenvolvimento infantil, como o bullying e o suicídio.
O assunto foi debatido por crianças e adolescentes com autoridades públicas em um evento realizado no auditório da Rede Gazeta, na tarde desta quinta-feira (28). O encontro marcou a comemoração dos 30 anos da Convenção e, na oportunidade, dois jovens capixabas leram o manifesto pelos direitos da criança formulado em Brasília por 48 representantes de 21 Estados Brasileiros e o Distrito Federal.
A estudante Camila Loureiro, de 17 anos, compartilhou a preocupação sobre a saúde mental dos estudantes. Para ela, os jovens e adolescentes estão sujeitos a muita pressão no dia a dia e acabam acumulando responsabilidades de uma pessoa adulta.
A cada dia os jovens se sentem mais pressionados a seguir um padrão, mas nunca são estimulados a serem o que querem. Eles se sentem sobrecarregado e, muitas vezes, assumem responsabilidades que não suas, desabafou Camila, que defendeu espaços para conversas nas escolas públicas. É pressão o tempo inteiro e o estudante, muitas vezes, precisa apenas ser ouvido. Precisa desabafar, concluiu.
A coordenadora do Unicef para a Região Sudeste, Luciana Phebo, descreve que reclamações sobre o adoecimento mental, a depressão, estão se tornando comuns entre os jovens de todo o país.
É muito evidente essa dor relacionada à depressão à autoestima. Os adolescentes sinalizam. Como uma população mais viva, que está em desenvolvimento, eles sinalizam mais fortemente. E é algo que o Brasil, os governos, a sociedade civil têm que prestar atenção, alertou Luciana.
Outro problema apontado pelos adolescentes foi o bullying praticado nas escolas e na internet. O estudante Mikael, de 17 anos descreveu que essas situações deveriam ser evitadas com palestras e debates no ambiente escolar.
Um colega da minha sala disse que eu poderia ser ladrão, e fiquei muito chateado. Pensei em responder o discurso do ódio com o ódio. Como sou negro, sei que isso não vai ser a última vez que vai acontecer comigo, mas se tivesse mais palestras nas escolas sobre o bullying, acredito que desestimularia esses comportamentos", descreveu.
Durante o debate, o secretário de Direitos Humanos de Vitória, Bruno Toledo, explicou que racismo é crime e que não dá para compará-lo com bullying. Não podemos esconder crimes. Racismo não é bullying. Não podemos tratar crimes como bullying, pontuou.
O encontro que discutiu os avanços e os desafios dos Direitos da Criança é uma promoção do Unicef, com apoio da Rede Gazeta. No evento, o diretor de jornalismo da Rede Gazeta, Abdo Chequer, pontuou que a discussão é importante para tornar os jovens ainda mais progressistas de suas próprias histórias.
Este evento foi pensado junto dos jovens e para os jovens. Apoiar e sediar um evento como este reforça o propósito de existir da Rede Gazeta. Nós colocamos o jornalismo da Rede Gazeta a favor dos capixabas. É nosso papel mostrar as iniciativas que dão certo e cobrar respostas e resultados do poder público, destacou Abdo.
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