O Instituto de Tecnologia da Califórnia, também conhecido como "Caltech", eleito diversas vezes como a melhor universidade do mundo, possivelmente contará no seu quadro de alunos de 2020 com três brasileiros, entre eles, um capixaba: o estudante Antônio Victor Machado de Oliveira, de 18 anos.
No último sábado (7), ele recebeu a notícia de que havia sido um dos cerca de 200 aprovados para estudar da universidade, que é um dos principais centros de pesquisa estadunidenses, conhecido pelas pesquisas de ponta que produz e por seus laboratórios de alta tecnologia. Entre eles, está o Laboratório de Propulsão de Foguetes da NASA, agência espacial dos EUA. Ele fará o curso de Engenharia Elétrica e da Computação.
Antônio Victor estudou no Ifes de Vitória, onde concluiu também o técnico em eletrotécnica, em 2019, e foi aprovado para o curso de Medicina na USP, em São Paulo. Ele iniciou o curso na capital paulista enquanto aguardava o resultado de processos seletivos internacionais.
Além do Caltech, ele também tentou ingressar em outras seis universidades fora do país, das quais ainda espera o resultado: o Massachusetts Institute of Technology (MIT), Rice University (no Texas), Johns Hopkins University (Baltimore), Universidade Northwestern (Illinois), Universidade Carnegie Mellon (Pensilvânia) e Universidade de Pensilvânia.
Antônio Victor tem que tomar a decisão até maio, para começar as aulas em setembro. Mesmo que seja aprovado em alguma outra instituição, ele afirma que a Caltech é uma de suas principais alternativas.
Universidades como a Caltech não tem histórico de aprovar alunos brasileiros. A instituição é uma verdadeira "pequena notável" no meio acadêmico, contando com pouco mais de 2 mil alunos de graduação e pós-graduação. São apenas três alunos para cada professor.
Para ser aprovado, Antônio Victor teve que superar etapas de um percurso rigoroso do processo de aceitação de seu nome. A preparação para cursar graduação no exterior ocorre essencialmente ao longo dos três anos do Ensino Médio, e vem acompanhada de uma seleção com provas, redações, recomendações e entrevistas.
"O processo é um pouco mais complexo do que o das faculdades do Brasil, em que você é admitido somente por sua pontuação na prova. Tive que fazer redações respondendo a perguntas específicas, fizeram avaliações sobre minhas atividades extracurriculares, como premiações em competições, olimpíadas. É uma avaliação mais holística, em que eles compõem uma imagem de um aluno que querem ver na instituição. É difícil os brasileiros serem aprovados porque eles priorizam alunos dos Estados Unidos, e o restante entra em uma 'cota' internacional", contou.
O estudante teve que fazer duas provas objetivas, que foram aplicadas em São Paulo. Uma é de conhecimentos gerais, semelhante ao Enem, e outra específica, de química, física e matemática.
Além de uma rotina de horas de estudo diárias, Antônio Victor explica que na preparação para o processo seletivo ele precisou focar em participar de atividades extracurriculares. Ele já foi premiado em olimpíadas científicas, ganhou uma competição de robótica, além de ter sido, durante o Ensino Médio, aluno bolsista de iniciação científica, estudando Realidade Virtual, no Ifes.
Além disso, foi um dos 45 selecionados pela Fundação Estudar para um programa que dá orientação para quem quer estudar fora do país, o projeto "Estudar Fora". Nele, o capixaba recebeu aulas com assessoria em educação internacional, orientações sobre materiais, redações e entrevistas.
De acordo com Antônio Victor, a ideia de tentar passar em Medicina, mas ao mesmo tempo disputar uma vaga nas maiores faculdades de tecnologia do mundo tem a ver com seu grande interesse de estudo: integrar conceitos de neurociência com a engenharia, desenvolvendo tecnologias que integrem os dois campos.
"Essas grandes universidades têm uma flexibilidade para escolher as matérias que quero focar e me desenvolver. Eu sendo aprovado lá, que é a vanguarda tecnológica no mundo, vou poder desenvolver tudo isso."
Para acompanhar o ritmo do instituto, ele acredita que será preciso uma dedicação em tempo integral. "Lá tem a fama de ser uma faculdade extremamente puxada, que vai demandar bastante dos alunos. E tem um código de honra que eles esperam que os alunos vão seguir. Um exemplo é que você pode pegar a prova com o professor e entregar no dia que você quiser, e esperam que o aluno não vá trapacear. É uma universidade menor, com a comunidade mais unida, e com poucos alunos, o que faz com que tenham uma relação mais próxima com o professor", afirma.
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