Como você reagiria se recebesse o diagnóstico de câncer de mama? Voltado para a conscientização da prevenção da doença, o mês de outubro, o Outubro Rosa, está terminando, mas todo dia é dia de ter atenção ao tema. E também é importante falar de como mulheres que tiveram ou que estão em tratamento desse tipo de câncer conseguiram se reinventar e dar uma guinada na vida.
A reportagem de A Gazeta conversou com alguns dessas mulheres que deram a volta por cima e não se deixaram abater pelo câncer. Hoje, elas são exemplos e até ajudam outras mulheres e até crianças que passam pela mesma situação.
A terapeuta holística Priscilla Bonna Passamani, de 42 anos, foi diagnosticada com a doença em fevereiro de 2014. Ela relatou que receber a notícia foi difícil. Foi na consulta à ginecologista, onde eu iria dar início ao meu tão sonhado processo para inseminação artificial. Ao me examinar, a médica notou uma mancha vermelha em meu seio direito e rapidamente me encaminhou a um mastologista, disse.
Priscilla relatou que ao saber da doença teve medo de morrer, mas uma notícia a assustaria ainda mais. Era câncer de mama com metástase, que é a formação outas lesões tumorais a partir de outra. Segundo ela, que ainda faz quimioterapia oral e endovenosa (medicação direto na veia) no tratamento da doença, a descoberta do câncer de mama lhe motivou a mudar o rumo de sua vida e investir em novos projetos. Decidiu escrever um livro.
Em "O câncer curou minha alma", a terapeuta holística relata como têm sido conviver com a doença nesses 5 anos e 8 meses após a descoberta.
A terapeuta holística explicou que entre os motivos que a levaram a escrever um livro estava a vontade de compartilhar com outras mulheres coisas que ela desconhecia e que tomou conhecimento após saber da doença. "Eu quis compartilhar o que estava fazendo bem para mim. Quando você passa pelo susto, você acorda. A última coisa que eu queria era morrer, tenho muita vida pela frente, afirmou Priscilla.
A empresária da área de cosméticos Marcela Fonseca, de 37 anos, também descobriu um câncer de mama há um ano e um mês. Ela contou que a descoberta do nódulo foi por meio do toque nos seios, e explicou que não teve medo.
Eu já tinha o hábito de me tocar e já sentia dores nas mamas há algum tempo. Dois dias depois de sentir uma alteração no seio eu fui fazer a mamografia, que constatou um nódulo de dois centímetros, disse.
Marcela relata que apesar de agressivo, a doença foi descoberta em tempo de fazer o tratamento. Eu soube na igreja que teria um livramento, então não fiquei abalada com o câncer. Eu sirvo a um Deus vivo, tenho uma crença inabalável, não chorei nem me desesperei. O difícil foi perder os cabelos. Isso é muito complicado para a maioria das mulheres, disse.
A empreendedora cortou o cabelo e, com a quimioterapia, ela perdeu os fios que ainda restavam. Falei com Deus que isso não tiraria minha felicidade. A minha marca é o meu sorriso, minha alegria, explicou. E foi justamente nessa fase, quando passou a usar lenços na cabeça, é que surgiu um projeto que lhe transformou, além de ajudar outras mulheres em tratamento do câncer.
Sabendo das dificuldades da quimioterapia e da necessidade de usar lenços devido ao frio e dor no couro cabeludo, a empresária criou um projeto, junto à Associação Feminina de Educação e Combate ao Câncer (Afecc), para a arrecadação de lenços para doar a outras pacientes. A gente fabrica uma caixa de lenços para arrecadar doações. Algumas lojas já se disponibilizaram para ter essa caixinha nos estabelecimentos. A pessoa pode doar touca, lenço e até cabelo, informou.
Para lidar com o câncer, além do projeto que lhe proporcionou poder ajudar outras pessoas com a doença, Marcela destacou que o apoio dos amigos e da família foi fundamental. A base do meu tratamento foi muita fé em Deus e apoio dos meus amigos e da minha família.
Outra mulher que deu a volta por cima depois do câncer foi a mestre em Matemática Rogéria Aguiar, de 50 anos. Depois do câncer de mama e do longo tratamento contra a doença, ela não conseguiu mais emprego e decidiu que era hora de mudar. Virou artesã e, atualmente, doa bonecos para crianças com câncer.
Ela fabrica bonecas de crochê e doa para meninas e meninos. Quando me vi desempregada surgiu a confecção dos bonecos. Quando fiz a primeira boneca e a vi careca, pois havia deixado para fazer o cabelo dela por último, Deus tocou no meu coração para que eu confeccionasse as bonecas para crianças com câncer. Tem também o boneco para os meninos com a doença, explicou.
Este ano, Rogéria já produziu mais de 350 bonecos. Faço um trabalho voluntário com detentos. Eles encaram comigo a campanha na confecção. Eles ganham redução de pena com isso, esclareceu sobre o seu trabalho, que também ajuda os presos.
A artesã declarou ainda que o trabalho fez tanto sucesso que ela já enviou as bonecos para fora do Estado. No Dia das Crianças deste ano eu consegui mandar bonecos para Cuiabá, São Paulo e Brasília, relatou, em tom de comemoração.
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