Um ano inteiro de trabalho para produzir o carnaval que, em pouco mais de uma hora, se acaba na avenida. Mas, após os desfiles, as escolas de samba ainda se veem às voltas com as contas da folia. A confecção de carros alegóricos, fantasias, adereços e tudo o mais que envolve a preparação das apresentações tem um custo alto, e nem sempre despesas e receitas ficam equilibradas.
Os carros luxuosos que a Mocidade Unida da Glória (MUG) levou para o Sambão do Povo no sábado (15), junto a todos os preparativos do desfile, exigiram um investimento vultuoso. As contas ainda estão sendo feitas, mas o presidente Robertinho da MUG estima na faixa de R$ 1,2 milhão a R$ 1,5 milhão.
Ensaios na escola, venda de fantasias e eventuais patrocínios ajudam a custear os desfiles, porém nem sempre é o suficiente. Até porque, algumas vezes, o apoio pode faltar. As agremiações de Vila Velha ainda estão na expectativa de receber recursos da prefeitura. Além da MUG, a Independentes de São Torquato também espera a chegada da verba para ajudar a pagar as contas. Para cada uma serão R$ 200 mil cujo pagamento, segundo a administração municipal, está sendo programado.
"Fizemos carnaval com recursos nossos mesmo, e tivemos que nos virar para conseguir levar a escola para a avenida", ressalta o presidente Jonas Schneider, que estima gasto em torno de R$ 450 mil.
Em Cariacica, a Independente de Boa Vista recebeu do município R$ 300 mil para o desfile, mas o presidente Emerson Xumbrega ainda não conseguiu finalizar as contas dos gastos que a escola teve com a apresentação. "De toda maneira, eu sei que não tivemos arrecadação suficiente", aponta.
As escolas de Vitória que desfilaram no grupo especial receberam, cada uma, pouco mais de R$ 302 mil da prefeitura. O valor é apenas uma parte do que as agremiações gastam para fazer um desfile que encante o público. A Imperatriz do Forte, que foi a agremiação com o menor investimento do grupo, já estimou despesas em torno de R$ 360 mil. "Não temos quadra para ensaios que ajudam a arrecadar; fizemos tudo com muita dificuldade", desabafa o presidente Gilson Barcelos.
Já o presidente da Unidos da Piedade, Valdeir Lopes de Sá, calcula que a agremiação gastou cerca de R$ 700 mil na apresentação, enquanto Rogério Sarmento, da Unidos da Jucutuquara, afirma que a contabilidade será feita apenas depois do Carnaval oficial. A Novo Império não deu retorno para a demanda.
Presidente da Liga das Escolas de Samba do Grupo Especial (Liesge), Edvaldo Teixeira da Silva destaca que o Carnaval de Vitória promove o turismo, gera emprego e renda não apenas na Capital e, embora a cada ano fique maior - ou até mesmo por isso - as agremiações precisam de mais apoio. "Todo ano, quando os desfilem terminam, as escolas estão devendo", lamenta.
O prêmio para o 1º e 2º lugares no desfile ameniza um pouco, mas não costuma ser o suficiente. Neste ano, a campeã vai receber R$ 40 mil e a vice, R$ 20 mil, segundo Edvaldo. A apuração do resultado será feita nesta quarta-feira (19).
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