"Meu irmão morreu como um herói e fazendo o que mais gostava". Foi com essas palavras que o também tenente dos bombeiros, Anderson Cordeiro, de 46 anos, se despediu do irmão, o tenente do Corpo de Bombeiros, Marco Antônio Cordeiro, no sepultamento do familiar no cemitério Jardim da Paz, na Serra, na tarde desta terça-feira (20).
ASSISTA À DESPEDIDA AO BOMBEIRO
O militar morreu após realizar o resgate de um cachorro no Morro de Sagrada Família, em Alfredo Chaves, na Região Serrana do Estado na última segunda-feira (19). Marco Antônio tinha 44 anos e deixa, além da esposa, Denise, um filho de 19 anos, e uma filha de 13.
O velório foi realizado no período da manhã, na quadra do quartel, na Enseada do Suá, em Vitória, onde o militar recebeu muitas homenagens. Por volta das 14h30, o caixão seguiu em carro aberto em cortejo fúnebre que passou pelas avenidas Américo Buaiz, Dante Michelini, Adalberto Simão Nader, Fernando Ferrari e seguiu pela BR 101 até chegar ao cemitério. O cortejo foi acompanhado por ônibus, caminhões e outros veículos da corporação, além de familiares e amigos.
A cerimônia contou com a presença de muitos militares da corporação, salva de tiros e chuva de pétalas. Uma homenagem à dedicação de Marco Antônio pelos 23 anos dedicados ao Corpo de Bombeiros, completados no dia do acidente. "Ele já atendeu ocorrências piores do que essa, sempre com muita perspicácia e destreza, mas desta vez teve a infelicidade de tomar uma queda brusca e acabou batendo a cabeça contra a pedra. Ele usava capacete, os equipamentos de segurança, mas infelizmente aconteceu essa fatalidade e ele veio a óbito", explicou o familiar.
Vindos de uma família de militares, Marco Antônio e Anderson, seguiram a profissão do pai e por décadas mantiveram a tradição da família Cordeiro nos Bombeiros. "Eu entrei na corporação no final de 94 e ele em agosto de 1996. Um ano e pouco de diferença. Nosso pai já era bombeiro. Quando entramos, ele ainda estava na ativa, então tínhamos a inspiração dentro de casa, ao nosso lado. Íamos com ele no quartel, víamos a rotina dos bombeiros e acabou que seguimos essa carreira e também", detalhou Anderson, que ainda engrandeceu os feitos do irmão mais novo nas duas décadas de serviço militar.
"Meu irmão deixa um legado de muito conhecimento, disciplina, amor, carisma e dedicação à profissão. Podem ver pelo tanto de gente que veio aqui. São bombeiros, policiais civis e militar, além de pessoas de outros órgãos para prestar essa última homenagem. É o que sempre falamos, vidas alheias, riqueza a salvar. independe para nós se é uma vida animal ou humana. Infelizmente foi uma fatalidade", lamentou-se Anderson.
Um dos muitos militares presente à despedida, o tenente Joathan Rodrigues recordou-se do período em que teve a companhia de Marco Antônio na corporação. "O sentimento de perda é muito grande, é como se fosse um irmão, uma pessoa próxima a nós. Ele tratava a todos com muito respeito e carinho, além de ser altamente capacitado. Trabalhamos juntos no 1º Batalhão. Ficam as boas lembranças desse período" contou.
RESGATE CONCLUÍDO
Momentos após resgatar o animal, o bombeiro comunicou, via rádio, que havia concluído a missão. "Ele conseguiu fazer o resgate. A última fala dele foi: 'equipe, animal resgatado'. A partir daí perdemos o contato, detalhou o tenente-coronel Carlos Wagner Borges.
"Nesses 23 anos de serviço, vários alunos do Corpo de Bombeiros passaram pelas mãos dele em treinamento. É um momento de dor, faltam palavras para expressar o que estamos sentindo. Era um profissional de extrema competência e habilidade, complementou.
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