Foi preso no Estado do Acre, no último dia 7, o motorista João Henrique Filho, o Joãozinho. Foragido desde os anos 2000, ele foi condenado pelos assassinatos do advogado Carlos Batista de Freitas, em 2008, do ex-sargento da Polícia Militar, Valdecir Pereira Apelpheler, em abril deste ano, e de sua ex-amante, Claudia Novaes, em 2010.
O cumprimento do mandado de prisão já foi comunicado aos Juizados da 1ª Vara Criminal de Vitória e o da 3ª Vara Criminal da Serra. Foi informado ainda que Joãozinho foi encaminhado para a Unidade Prisional Francisco de Oliveira Conde, em Rio Branco.
O advogado Jorge Florentino, que faz a defesa de Joãozinho, ainda não decidiu se vai pedir a transferência dele para o Estado. Mas já apresentou um recurso à Justiça solicitando a anulação do julgamento do caso Apelpheler, que resultou em uma condenação de 26 anos. No caso Carlos Batista, ele também recebeu uma pena de 26 anos. No caso de Claudia Novaes, a pena foi de 29 anos.
Um dos argumentos do advogado é o de que o julgamento ocorreu à revelia, ou seja, sem a presença de Joãozinho, que havia fugido nos anos 2000. Na época ele saiu pela porta da frente da Casa de Custódia em Vila Velha (Cascuvv). Florentino questiona ainda inconsistências no processo.
O assassinato do advogado Carlos Batista de Freitas - cujo corpo nunca foi encontrado - teve origem com o duplo assassinato do ex-prefeito da Serra José Maria Feu Rosa e do motorista dele, Itagildo Coelho, em 8 de junho de 1990, em Itabela, Bahia.
Os dois foram executados a tiros quando seguiam para a fazenda de Feu Rosa por um grupo de pistoleiros, em sua maioria policiais e ex-policiais militares. Dentre eles estava o ex-sargento Valdecir Pereira Apelpheler. Logo após o duplo homicídio, ocorreram pelo menos 15 crimes e a suspeita era de queima de arquivo.
Segundo denúncia do MPE, um dos casos foi o de Apelpheler, cujo corpo foi encontrado no dia 27 de janeiro de 1991, dois dias depois de chegar ao Estado, vindo de Resende, Rio de Janeiro, em companhia do advogado Carlos Batista de Freitas e do soldado da PM, Geraldo Antônio Piedade Elias. Ele acabou sendo executado por Piedade e Joãozinho que queimaram parcialmente o corpo de Apelpheler para evitar a identificação.
No ano seguinte, em 24 de janeiro de 1992, o advogado Carlos Batista de Freitas, foi assassinado. Segundo o MPE, ele tinha sido contratado pelos mandantes do assassinato do ex-prefeito da Serra e de seu motorista para defender os acusados. Mas como os seus honorários não foram pagos, havia o temor de que ele divulgasse um dossiê contando os detalhes da morte do ex-prefeito. Joãozinho foi um dos condenados por este crime, como executor do advogado.
Outra morte que pesa sobre Joãozinho é da sua ex-amante, Claudia Novaes, que desapareceu em 20 de junho de 1997, e que também foi considerada uma queima de arquivo. Ela teria sido morta por saber detalhes do assassinato de Carlos Batista. Por este crime ele, também foi condenado.
O advogado Jorge Florentino questiona a condenação de João Henrique Filho em relação ao caso Apelpheler. No recurso que apresentou à Justiça assinala que há dúvidas sobre o reconhecimento do corpo de Apelpheler. O ex-sargento morreu em 1991, mas seu corpo, que havia sido parcialmente carbonizado, foi reconhecido por sua irmã sete anos depois, em 1997, por intermédio de uma foto.
"Ela reconheceu o irmão por traços fisionômicos de uma pessoa que em tese foi morta e carbonizada seis anos antes. A irmã morava em Vila Velha e reconheceu o sapato que ele estava usando quando saiu de casa em Resende, no Rio. Mas no processo não há qualquer informação sobre o que ele usava quando deixou a residência carioca", destaca o advogado.
No processo é citado que, ao longo da investigação se tentou exumar o corpo de Apelpheler para se obter mais informações para reconhecimento. Mas ele já havia sido enterrado e, quatro anos depois, seus ossos foram para o ossuário público, o que impediu a realização dos exames. Isto porque o corpo só foi reconhecido sete anos após ser encontrado.
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