Conflitos no Complexo da Penha, sejam com a polícia, sejam entre grupos rivais, frequentemente estão extrapolando os limites da comunidade. Os ataques na manhã desta sexta-feira (14) na Leitão da Silva, uma das principais avenidas de Vitória, não foram os primeiros, e é muito difícil garantir que serão os últimos. Ficam vulneráveis comerciantes, moradores e qualquer outra pessoa que passe pela região, seja a pé, de ônibus ou de carro.
Em outubro de 2016, o protesto pela morte de outro adolescente, no Bairro da Penha, também resultou em pânico e destruição na avenida. Lojas foram apedrejadas e, na comunidade, um veículo foi incendiado no meio da rua. Naquela ocasião, a população se queixou da abordagem da PM e moradores diziam que o garoto havia sido morto enquanto ia comprar pão. A polícia, por sua vez, alegou que o rapaz estava com drogas e junto a um grupo suspeito e que teria lutado com um policial antes de morrer.
Um ano depois, lojistas da Leitão da Silva tiveram que baixar as portas dos estabelecimentos após um bando armado ordenar o fechamento do comércio. O grupo formado por pelo menos 10 homens com rostos cobertos por camisas desceram o bairro da Gurigica por uma escadaria que dá acesso à avenida e fizeram as ameaças. O motivo seria a morte de dois jovens em um acidente de moto.
Um empresário teve a loja alvejada por tiros e o carro depredado na tarde de 30 de novembro de 2017, durante conflito na avenida. Policiais informaram, naquele dia, que criminosos fizeram um toque de recolher no local. Era um grupo de cerca de 40 pessoas armadas. Testemunhas disseram que, além do veículo do empresário, outros carros foram danificados. Alguns motoristas que não conseguiram dar à ré e sair da avenida, tiveram os veículos atingidos por pedras.
Já em 1º dezembro, bandidos impuseram terror na região mais uma vez e o comércio da Leitão da Silva foi todo fechado, em dois dias de conflitos. Testemunhas disseram que grupos desceram o morro atirando. Vários criminosos, pelo menos dois com toucas ninjas, ameaçaram comerciantes caso não fechassem os estabelecimentos, e ainda pegaram o material de construção - a avenida ainda estava em obras - e jogaram no meio da pista para impedir o tráfego de veículos.
Viaturas e um helicóptero da Polícia Militar montaram um cerco na avenida após bandidos tentarem incendiar outros três carros que estavam estacionados. Os alvos dos criminosos foram um Cobalt prata, um Gol vermelho e um Corolla branco. Houve troca de tiros e os bandidos subiram o morro correndo.
Neste episódio, um ônibus de linha municipal foi interceptado e os passageiros saíram correndo, em pânico, porque os bandidos jogaram gasolina na intenção de atear fogo, mas uma viatura da PM chegou a tempo de impedi-los. A razão para os ataques seria a morte de um adolescente em confronto com a polícia no morro São Benedito, que fica na região.
Em maio do ano passado, um carro foi alvejado por bandidos na Leitão da Silva. O veículo era de uma empresa que funciona na avenida e foi interceptado por dois bandidos quando passava em frente a uma concessionária. O trânsito estava lento no momento da ação por conta das obras na via. Os criminosos ordenaram que a motorista saísse do veículo e fizeram os disparos contra o capô. O crime ocorreu horas depois do início de uma operação da Polícia Civil nas regiões de Itararé, Bairro da Penha e Consolação, em Vitória.
O chefe da Polícia Civil, delegado Darcy Arruda, assegurou que, todas as vezes em que criminosos usaram do artifício de descer os morros do Complexo da Penha para "dificultar o ir e vir das pessoas", foram presos. "A polícia sempre se esmera na investigação. Hoje, inclusive, quatro foram presos por serem informantes do tráfico e outros dois, em flagrante, quando iriam incendiar um veículo. A polícia vai continuar investigando e pedir novas prisões."
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