O executor da médica Milena Gottardi disse que o plano era matá-la na Serra. Lá, Hilário "teria um amigo juiz e que seria fácil resolver as coisas". O relato foi feito por Dionathas Alves Vieira durante audiência realizada na tarde desta sexta-feira (23). O carpinteiro de 24 anos confessa ter cometido o assassinato em setembro do ano passado. A mudança de local ocorreu em função da pressa do ex-marido da vítima, o policial civil Hilário Frasson, que é acusado de ser mandante do crime. Foi por causa da pressa em matar a vítima, relatou. Confira abaixo detalhes do depoimento de Dionathas, prestado ao juiz da 1ª Vara Criminal de Vitória, Marcos Pereira Sanches.
PRESSA
Foi em um posto de gasolina, na Serra, que Dionathas encontrou pela primeira vez com Hilário. Fui até o veículo, onde estava Hilário, mas na época não sabia o nome dele. Sentei na parte de trás do carro, contou. Era uma S10. Naquele dia o policial relatou a Dionathas que aquilo (crime) tinha que ser feito o mais rápido possível e na Serra. Falou que o crime tinha que ser cometido na Serra porque o juiz era amigo dele e era mais fácil de resolver as coisas, disse o executor.
RASTREADO
Ainda dentro da S10, no posto de gasolina, Dionathas viu quando o telefone de Hilário tocou. Ele mostrou para Valcir onde o carro dela estava e para onde seguia. Hilário falou que o veículo da vítima (Milena) estava sendo rastreado, contou.
MORTE
Dionathas também ouviu Hilário, ainda dentro do carro, falar para ele e Valcir sobre a morte de Milena. Tinham que fazer isto, que tinha que descansar aquela filha da p***, que isso não pode ficar impune, que o que ela estava fazendo com ele, que isso não poderia ficar assim, que tinham que dar um jeito o mais rápido possível, contou
PREÇO
Segundo Dionathas, o serviço foi contratado por Judinho - Hermenegildo Palauro. Ele perguntou se eu tinha coragem de assassinar uma mulher. Mas acrescentou que, naquele momento, não informaram a ele o nome da vítima e nem quem estava pagando pelo serviço. Posteriormente, Valcir da Silva Dias entrou na negociação. Ele disse que me daria R$ 2 mil, mas não queriam me mostrar a foto da vítima e nem do marido dela.
PRESSÃO
As negociações com Dionathas começaram dois meses antes do crime. Dionathas disse a Judinho e Valcir que precisaria de uma moto. Como o tempo passava, Valcir começou a pressioná-lo dizendo: o cara (Hilário) está chorando, não está aguentando o sofrimento. Só de olhar para a cara dela ele fica doido, contou. Em outro ocasião, Valcir voltou a pressiona-lo: Pelo amor de Deus Dionathas, o rapaz (Hilário) tá me enchendo o saco, chorando muito, quer que faça o negócio o mais rápido possível.
SUSTO
Quando encontrou com Hilário, nos posto de gasolina na Serra, Dionathas levou um susto quando foi entrar na S10. Chamou a atenção dele um colete com a inscrição da DHPP que estava no carro. Ele rapidamente deu um passo atrás. Mas o rapaz da caminhonete (Hilário) disse: pode entrar, tá tranquilo, estamos juntos, relatou.
ARMAS
Durante o encontro no carro, Hilário sacou duas armas. Uma era da Polícia Civil, a outra uma 380 cromada, segundo Dionathas. Ele relata que Valcir pediu uma igual. Hilário disse que iria arrumar para ele, mas que não tinha apreendido nenhuma ainda na rua, que assim que conseguisse entregaria uma para Valcir, contou.
REVELAÇÃO
Foi no domingo que antecedeu ao crime, após uma visita de Hilário a casa de Valcir, que ele revelou para Dionathas que o mandante do crime era Hilário, filho de Esperidião Frasson. Disse que ele não estava aguentando, e nem o pai dele. Ele entendeu, pela conversa, que Hilário e Esperidião tinham pago a faculdade de Milena e que eles se injuriaram por ela ter terminado o relacionamento com Hilário. Queriam tirar a vida dela.
COMBINADO
Eles acertaram de cometer o crime na quinta-feira e Valcir ligou para confirmar se pegariam o cavalo (Milena), que estava na baia. Na mesma ligação eles combinaram os detalhes.
DIA DO CRIME
Dionathas contou que Valcir ligou para ele às 13 horas dizendo que desceria para lá, se referindo ao Hucam. Quando saiu do trabalho, às 17h30, ele foi direto para o Hucam, onde encontrou Valcir e Judinho no carro. Chegou na moto conseguida por Bruno. Valcir disse que tinha a arma e Judinho entregou para Dionathas. Estava enrolada em uma meia. Valcir disse que estava carregada, contou.
PRESSENTIMENTO
Dionathas demorou cerca de 20 minutos para sair do carro onde estava Valcir e Judinho. Estava com um pressentimento ruim. Judinho me perguntou se estava com medo e disse: polícia não prende polícia, a polícia somos nós. relatou.
MARCAÇÃO
Informou ainda que Judinho saiu do carro e quebrou um galho, que usou para marcar o carro de Milena. Dionathas colocou a moto atrás do carro e ficaria escondido atrás de uma pilastra. No entanto, ele acabou ficando embaixo do refletor. O executor foi orientado ainda a anunciar o assalto e a roubar o celular de Milena.
TIROS
Segundo Dionathas, Milena entregou o celular quando ele anunciou o assalto. Neste momento não vi mais nada. Dei o primeiro disparo. Dei mais de um disparo, mas não vi onde acertou. Peguei o celular, coloquei na moto e fui embora. Depois joguei o celular fora. Deixei a moto em uma rua.
DIVULGAÇÃO
Na sexta-feira após o crime, Valcir contou a Dionathas que sua foto tinha sido divulgada e que ele tinha que sumir. Disse que era para não contar a ninguém o que tinha feito e que se fosse o caso, Valcir levaria eles (incluindo Judinho) para Minas. Falei para ficarem calmos que se fosse pego não falaria nada sobre eles.
PRISÃO
O acusado diz que a polícia foi violenta no momento em que foi preso, em sua casa, em Timbuí. Deram tapa na cara e soco na costela. Apontaram vários fuzis. Mas na delegacia foi diferente.
MEDO
Dionathas revela que tem medo dos demais acusados que não são boas biscas.
BULLDOG
O acusado revelou que a arma usada no crime era do Valcir e que não sabe onde ele jogou a arma. Era um revólver calibre 38, conhecido como Bulldog, disse.
PROPINA
Segundo Dionathas, na carceragem do Fórum e dentro da sala de audiência, ele teria recebido uma proposta para assumir toda a responsabilidade pelo crime. Ele teria que abrir mão de seu advogado, Leonardo Rocha. Falaram que Hilario ajudaria minha família e que botaria o advogado dele, Homero Mafra, para fazer minha defesa. Falaram em valores entre R$ 50 mil e R$ 100 mil, além de uma carreta Scania. Quem ofereceu o dinheiro foi Judinho e Valcir, contou.
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