O avião que caiu na tarde desta quarta-feira (19) sobre um depósito de uma loja de material de construção em Guarapari era do mesmo modelo em que estava o cantor Gabriel Diniz, que morreu em um acidente aéreo em maio do ano passado na cidade de Estância, em Sergipe. No acidente registrado no Espírito Santo morreram o o piloto Luciano Ferreira de Souza e o passageiro Fabiano Luiz Gonçalves.
Trata-se de uma aeronave fabricada pela empresa norte-americana Piper Aircraft, da linha Cherokee 180. Quem confirma a mórbida similaridade é o piloto e especialista em aviação Edmundo Ubiratan, que conhece bem o modelo acidentado.
"É o mesmo modelo de avião. Parte do meu curso de formação de piloto foi feito em um modelo Piper Cherokee 180 também. Aqui no Brasil ele é um avião muito utilizado em voos de instrução aérea", disse.
Ubiratan informou, ainda, que o modelo é amplamente utilizado em voos curtos e bastante comuns em aeroclubes por se tratar de uma aeronave barata desde sua concepção, ainda em meados da década de 70.
"Na época em que o modelo foi construído, era uma aeronave muito barata e até hoje a operação dela também é. Na verdade, é um avião de baixo custo. Em termos de segurança, é extremamente seguro por ser homologado. Toda aeronave que tem uma homologação de um órgão como a Anac, por exemplo, é considerada como segura por cumprir com 100 % dos requisitos", detalhou o piloto, complementando que o ato de ser uma aeronave homologada não garante que acidentes não ocorram em caso de erros de procedimentos.
"O que não torna um avião seguro é saber se tem a manutenção em dia, se os pilotos estão atualizados, aperfeiçoados e se tem capacidade técnica para operá-lo. Esses fatores são determinantes.
Especificamente sobre a queda da aeronave, que transportava o cantor Gabriel Diniz, Ubiratan explicou que uma falha grave de manutenção fez com que a aeronave caísse na área de manguezal.
"No caso do acidente com o cantor, uma das asas se desprendeu durante o voo. Nas investigações, descobriu-se que houve uma fadiga de estrutura na asa do avião e foi feito um boletim obrigatório por parte da Embraer. Ali o problema foi falta de manutenção. O modelo que o Gabriel Diniz estava era uma versão produzida sob licença pela Embraer ainda nos anos 70. Quando começou as atividades, entre 70 e 80, ela trouxe para o Brasil a produção de alguns modelos da linha Piper", concluiu.
As investigações da queda do avião em Guarapari serão realizada pelo Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos - Seripa III, ligado à Aeronáutica.
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