Quatro baleias da espécie Jubarte foram vistas no mar de Vila Velha nesta segunda-feira (13) pela equipe do projeto "Amigos da Jubarte", durante uma expedição científica. O curioso, nesta investida, foi o período em que foram flagrados os animais, sendo que, de maneira geral, só migram para as águas dos trópicos entre junho e novembro, depois de se alimentarem ao sul das Ilhas Austrais, buscando a procriação em águas quentes como as capixabas.
De acordo com Thiago Ferrari, ambientalista e coordenador do projeto, as baleias foram vistas em duplas. "Nós as avistamos no mar de Vila Velha. A primeira dupla estava a 16 milhas náuticas da costa, e a outra a 22 milhas, próxima ao local que chamam de 'Barranco'. A Jubarte compõe um grupo de 20 a 25 mil baleias, cuja diferenciação se dá pela nadadeira caudal como se fosse a impressão digital de cada uma. E o peculiar é que elas migram para as águas dos trópicos, geralmente entre junho e novembro, depois de se alimentarem ao sul das Ilhas Austrais", comentou.
POR QUE ELAS VIERAM MAIS CEDO
A respeito do motivo que teria antecipado a vinda das baleias para o litoral capixaba, Thiago comentou que existem hipóteses. A mais provável, segundo o especialista, seria o aquecimento das águas do Atlântico, também em decorrência do fenômeno do El Niño.
"Acreditamos que o aquecimento dos trópicos tenha afetado o relógio biológico das baleias, antecipando a migração. Para ter uma ideia, a temperatura do mar hoje estava em aproximadamente 29 graus, sendo considerada bastante elevada para esse período do ano", explicou.
A EXPEDIÇÃO
Em todos os anos, a partir de 2014, o projeto Amigos da Jubarte, através do "Jubarte Lab", faz expedições semanais para estudar a presença de baleias no Espírito Santo. Neste ano a decisão foi de aprofundar as pesquisas e o início se deu mais cedo.
O grupo responsável pelos estudos é capixaba e além das pesquisas feitas, são desenvolvidas ações de educação ambiental em paralelo. "Nosso objetivo é sensibilizar o capixaba sobre o tesouro natural que temos, sendo considerado o maior berçário da baleia Jubarte no Atlântico Sul. Nós organizamos também a demanda turística para quem quer observar baleias, mantendo a atividade sustentável e inclusive gerando emprego e renda para muita gente. Temos importante atuação no monitoramento dos embarques turísticos para saber se há respeito aos animais e se as normas da Capitania dos Portos estão sendo cumpridas", finalizou o ambientalista.
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