Cerveja gelada, petiscos variados na mesa e atendimento de qualidade. É com essa receita que o Bar dos Coroas resiste ao tempo de portas abertas e com fôlego de garoto em uma das esquinas da rua Doutor Antônio Basílio, em Jardim de Penha, Vitória. O tradicional reduto da velha-guarda, mas que também abre espaço para botequeiros de todas as idades, comemora neste domingo (13) seu 46º aniversário do jeito que a clientela gosta, com direito à pagode, cadeiras espalhadas pela rua e muita animação.
A receita do sucesso quem dá é Carlos Alberto Tonon, 54, que há exatos 30 anos assumiu a direção do Bar dos Coroas. O tradicional nome, contudo, já vem de antes, desde 1973. O antigo dono tinha que dar um nome e aí ele pensou: tem sempre monte de coroa aqui, então vai ser o Bar dos Coroas, lembra Carlinhos, como é conhecido pelos frequentadores mais assíduos.
Ao longo das últimas três décadas, o bar já foi palco para tantas histórias, que renderiam até um livro, acredita o proprietário. Já teve gente que me disse que fez bons negócios aqui, gente que se conheceu aqui, namorou e casou, puxa ele da memória.
Carlinhos dá entrevista em plena agitação da comemoração dos 46 anos do bar. Entre uma paradinha e outra para atender a clientela e os funcionários, ele, que antes de assumir o novo negócio trabalhava atendente em uma lanchonete, não esconde a emoção por ter reerguido o bar que, mais tarde, se tornaria parte da história de Jardim da Penha, que este ano também comemorou seus 50 anos. Eles falam bar, mas é o um boteco. O segredo é tratamento ao cliente, o bom atendimento, resume.
E os clientes de carteirinha sabem bem disso. O engenheiro Pedro Sá, de 65 anos, passou a frequentar assiduamente o boteco ainda na década de 1980. Hoje, morando mais longe já não vem com tanta frequência, mas carrega as histórias na memória. Foi ele quem escreveu uma música para o bar quando o estabelecimento chegou ao auge de sua juventude, com 25 anos. Além disso, lembra-se da predileção dos amigos: Aqui tinha um torresmo que era a predileção da turma. Fígado e moela de galinha também não podia faltar.
A menos de 250 metros mora outro cliente assíduo do Bar dos Coroas. Há cerca de 28 anos, o cardiologista Carlos Wilson Coelho, de 70, fez do bar uma extensão de sua cozinha, como ele mesmo diz. E ao menos duas ou três vezes por semana não deixa de se encontrar com os amigos na mesa de sempre. Ao lado da porta do bar, ela já virou tradição entre os membros da confraria. A gente tem tanto ciúme que fica até triste quando chega aqui e tem alguém sentado nela, conta em meio à roda de amigos.
A cobiçada mesa já tem donos, mas também já começou a ser dividida com as novas gerações. Prova disso é Cássio Leite Barros, 44, que é filho de Carlos Wilson e, assim como um pai, virou cliente vip do Bar dos Coroas. Eu morei fora para estudar e voltei em 1998. A primeira Copa do Mundo que eu vi depois que voltei eu assisti aqui. Eu vejo aqui aquele bucolismo do interior. A gente bate papo sobre tudo, de política até futebol, conta.
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