A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), cortou, somente neste mês, 153 bolsas de mestrado e doutorado da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A medida, além de afetar projetos de pesquisa da instituição, deixou muitos alunos sem renda.
A Capes publicou, em 18 de março, a Portaria 34 com novo modelo de concessão de bolsas, com a justificativa de que iria corrigir distorções do sistema, segundo informações do professor Valdemar Lacerda, diretor da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG).
"Na Ufes, a perda foi de 27%. Todas as instituições brasileiras tiveram cortes. Apenas USP e Fiocruz tiveram um pequeno aumento. Neste novo modelo, eles usaram o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), tempo médio de titulação e conceito do curso", relaciona o professor.
Após a portaria, a Ufes perdeu 128 bolsas de mestrado e 25 de doutorado. Questionado sobre os impactos do corte, o professor destaca que os prejuízos serão enormes.
"Estamos em fase de matrícula de alunos novos. Os programas já haviam feito a distribuição das bolsas em relação ao quantitativo que possuíam. Todos foram pegos de surpresa e foi necessário refazer a distribuição de bolsas em virtude dos cortes. Vários alunos, que antes receberiam bolsas, agora não irão mais receber. Com os cortes, vários programas não possuem sequer uma cota de bolsa para oferecer aos novos alunos, matriculados no início de março. Estima-se que vários estudantes desistam de fazer sua pós-graduação, o que afeta os cursos. Ao todo, de fevereiro de 2019 para 2020, a Ufes já perdeu 242 cotas de mestrado e 39 de doutorado", ressalta Valdemar Lacerda.
Para tentar suspender os cortes, o professor conta que a Ufes se juntou a outras instituições e associações, como o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Foprop) e a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), na tentativa de revogação da Portaria 34 - sem sucesso até o momento. O Ministério Público, segundo Lacerda, notificou a Capes para se explicar em relação ao corte.
O valor da bolsa de mestrado é R$ 1,5 mil e, de doutorado, R$ 2,2 mil. Como os bolsistas não podem ter vínculo empregatício, muitos deixam atividades profissionais para realizar as pesquisas e, agora, estão desassistidos.
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