Já se passaram seis dias desde o último contato da família com Uberlândio Antônio da Silva, de 54 anos. Mecânico de empilhadeira, o capixaba prestava serviço para a Vale e é um dos 276 desaparecidos de Brumadinho, em Minas Gerais. Na noite da última quinta-feira (24), Uberlândio falou com a esposa Rosemar Rodrigues por telefone. Na sexta (25) pela manhã ela mandou uma mensagem para o marido, que até hoje não foi visualizada. O capixaba estava no refeitório da Vale quando a barragem da Mina Corrégo do Feijão se rompeu.
"Minha mãe conversou com ele na quinta a noite, na sexta mandou mensagem para ele às 7h33 e ele não recebeu. Acredito que estava no serviço e sem internet. No dia a gente estava mexendo com umas coisas aqui em casa, então não vimos o que tinha acontecido. O patrão do meu pai ligou para minha mãe por volta das 20 horas de sexta, perguntando se ela estava ciente do que estava acontecendo. Foi quando ele falou que infelizmente meu pai estava lá, trabalhando naquele dia naquele local, e estava desaparecido. O último contato que o patrão dele teve com ele foi por volta das 11 horas quando ele estava entrando no refeitório para almoçar", conta a enteada Rayane Rodrigues, de 21 anos.
> É um cenário com cheiro de morte, diz capixaba em Brumadinho
Rayane e outros três irmãos, de 16, 14 e 12 anos, não são filhos biológicos de Uberlândio - quem tem outros dois filhos -, mas foram criados por ele e o consideram como pai. Depois de passar três dias em Brumadinho, a família retornou ao Espírito Santo na manhã desta quarta-feira (30) sem respostas.
"Tentamos ir o mais próximo possível, mas não era viável, não tem como chegar perto ao local. A gente passou um tempo lá para ver se tinha alguma notícia, mas acabamos não conseguindo nada e preferimos voltar. A gente preferiu aguardar as notícias em casa. Chegamos lá no domingo cedinho, minha mãe ficou muito mal e precisou passar pelo médico. O que nos disseram é que ele está desaparecido ainda e que no local que ele estava, seria difícil encontrar com vida, e qualquer novidade entrariam em contato com a gente", relata.
As viagens de Uberlândio não eram novidade para a família. O capixaba prestava serviço para muitas unidades da Vale, mas não tinha o costume de ir à Mina Córrego do feijão, onde a barragem se rompeu.
Em meio à incerteza da falta de respostas, a família se divide entre a tristeza e um último fio de esperança enquanto o capixaba não é encontrado. "Minha mãe está muito angustiada, muito triste. Estamos todos muito tristes, mas a gente procura dar força e não chorar na frente dela. Não sei dizer (se a gente ainda espera encontrar ele vivo). Ele sempre ia (para Minas Gerais) e voltava".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta