Brincalhões, fofos e cheios de energia. Quem circula pelas praças, praias e calçadões da Grande Vitória certamente já encontrou um cachorro passeando com seu dono. Aqueles que gostam do animal, brincam, acariciam e até se divertem.
No entanto, também há quem evite o contato e até mesmo transitar no mesmo ambiente. Uma delas é a dona de casa Rafaela Dutra, de 33 anos, moradora de Jardim Camburi, Vitória. Ela tem um filho, de 2 anos, diagnosticado com autismo, que tem medo de cachorro.
Segundo ela, por volta das 20h dessa quarta-feira (15), um animal da raça britânica golden retriever estava solto na praça Nilze Mendes, sem guia e sem coleira, contrariando o que determina o artigo 10 da lei municipal nº 8.121, de 2011. O texto estipula multa de R$ 100 no caso de descumprimento.
"Todo animal, ao ser conduzido em vias e logradouros públicos, deve obrigatoriamente usar coleira e guias adequadas ao seu tamanho e porte, além de ser conduzido por pessoa com idade e força suficiente para controlar os movimentos do animal"
O bairro tem praça para cachorro, mas um dono deixou o dele solto, sem guia e sem coleira, na praça onde as crianças brincam. Meu filho ficou apavorado quando o cachorro foi para cima dele. Sei que o golden retriever costuma ser dócil, mas não somos obrigados a passar por isso, desabafou.
Rafaela disse que acionou o Fala Vitória 156, da Prefeitura de Vitória, e comunicou o caso. Ela foi alertada que uma equipe da prefeitura seria encaminhada ao local. Segundo a dona de casa, enquanto esteve no espaço público, não viu nenhum representante do município.
A dona de casa costuma passear frequentemente na praça com o menino de dois anos e uma filha de 6 anos. No fim do ano passado, um outro animal, da mesma raça, subiu na mesa em que eles estavam comendo churrasquinho.
O dono estava do outro lado da rua, e o cachorro solto. O animal subiu na nossa mesa e tentou abocanhar o churrasco da minha filha. Ela segurou no pelo e impediu que ele comesse a carne. Tomamos um susto. O dono reclamou dizendo que era só darmoa a carne que o cachorro iria embora. Até demos, mas não é assim que funciona, disse, sorrindo, ao lembrar da história.
O secretário interino de Meio Ambiente de Vitória, Ademir Barbosa, reforçou que os moradores que presenciarem animais sem guias e coleiras em locais públicos como praias e praças da Capital devem acionar o Fala Vitória 156.
O texto da lei municipal nº 8.121, de 2011, não é específico quanto à obrigatoriedade do uso de focinheira para animais de grande e médio porte. Questionada, a secretaria informou, por nota, que que o uso da focinheira é uma orientação como forma de segurança para a condução responsável de cães.
Em uma passagem pela Praça dos Namorados, e na orla de Camburi, em Vitória, na manhã desta quarta-feira (15), a reportagem de A Gazeta encontrou alguns tutores passeando com os cachorros. No calçadão e na área de grama e restinga da Praia da Guarderia, o grupo abordado alegou conhecer e respeitar a legislação.
A economista Simone Vivacqua Figueiredo, de 55 anos, já teve problemas por não conhecer a legislação municipal de Vitória relacionada à permanência de animais em áreas públicas. Ela disse que, por usar a guia (espécie de corda) longa, a cadela se aproximou de um pedestre que não queria o contato com o animal.
Na ocasião, ela se desculpou e mudou a forma como passeia com a Ayla, da raça weimaraner, e a Shasta, da raça spitz. Para a Ayla, que é um animal de grande porte, ela adotou a guia eletrônica. Um equipamento é acoplado ao pescoço dela. Através de um rádio, o tutor pode acompanhar e convocar o animal. O raio de funcionamento é de um quilômetro.
Moradora de Colatina, noroeste do Estado, a dentista Simone Caetano, de 52 anos, está passando férias na capital. Diariamente, ela passeia com seu shih-tzu na Praça dos Namorados e no calçadão da Praia da Guarderia. Quando não está no colo, segundo a dentista, Luke circula com a coleira e a guia.
Acompanhado do Thor cão sem raça definida o fotógrafo Tadeu Bianconi, 56 anos, frequenta a Praça do Cauê, na Praia de Santa Helena, e também a Praça dos Namorados. Ele afirma que conhece a legislação municipal e que evita passear com seu cachorro solto.
A felicidade do passeio diário de Kahya, da raça American Staffordshire Terrier, é tomar água de coco com o dentista Felipe Bonesi Alvarenga, de 34 anos. A cadela de 4 anos não circula sem a guia e a coleira.
Com a permissão de acesso às praias, como acontece no caso de Vitória, alguns banhistas questionam a possibilidade de contaminação por meio do contato com fezes ou urina dos animais. A pedagoga Marta Assis de Holanda, de 36 anos, passa férias na capital. Ela e os filhos frequentam a Curva da Jurema e Camburi.
Minha família ama cachorro, mas tomo cuidado para não pegar nenhuma doença de pele. Aqui em Vitória, nunca vi nenhuma sujeira, mas a gente nunca sabe, não é? Não sei se tem algum cuidado específico, questionou a turista, moradora de Colatina.
O dermatologista Diego Soeiro disse que a principal medida é prestar atenção à limpeza dos espaços públicos, principalmente, nas praias. Evitar o contato é a melhor alternativa para não ser contaminado com alguma doença de pele.
A veterinária Mayara Simonassi, especialista em dermatologia animal, explicou que o cão vacinado, com exames periódicos em dia e sem nenhuma lesão na pele não oferece nenhum risco à saúde humana, quando presente em espaços públicos.
Quando o animal está bem cuidado e é acompanhado por um veterinário, com histórico saudável, não há problema algum ele frequentar locais públicos como as praias. O caso é diferente de animais em situação de rua, quando não sabemos o estado de saúde deles, destacou.
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