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Cães circulam sem coleira e sem guia e assustam moradores em Vitória

Cães circulam sem coleira e sem guia e assustam moradores em Vitória

Em Vitória, Vila Velha, Serra e Guarapari há normas, que variam de acordo com cada município, para a circulação de animais nos espaços públicos como praias e praças

Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 16:14

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Cachorro sem coleira na Praia de Camburi, em Vitória. (Fernando Madeira)

Brincalhões, fofos e cheios de energia. Quem circula pelas praças, praias e calçadões da Grande Vitória certamente já encontrou um cachorro passeando com seu dono. Aqueles que gostam do animal, brincam, acariciam e até se divertem.

No entanto, também há quem evite o contato e até mesmo transitar no mesmo ambiente. Uma delas é a dona de casa Rafaela Dutra, de 33 anos, moradora de Jardim Camburi, Vitória. Ela tem um filho, de 2 anos, diagnosticado com autismo, que tem medo de cachorro.

Segundo ela, por volta das 20h dessa quarta-feira (15), um animal da raça britânica golden retriever estava solto na praça Nilze Mendes, sem guia e sem coleira, contrariando o que determina o artigo 10 da lei municipal nº 8.121, de 2011. O texto estipula multa de R$ 100 no caso de descumprimento.

Cachorro circula sem coleira ou guia em praça de Jardim Camburi, Vitória. (Rafaela Dutra)

TRECHO DA LEI MUNICIPAL DE VITÓRIA 8.121/2011

"Todo animal, ao ser conduzido em vias e logradouros públicos, deve obrigatoriamente usar coleira e guias adequadas ao seu tamanho e porte, além de ser conduzido por pessoa com idade e força suficiente para controlar os movimentos do animal"

“O bairro tem praça para cachorro, mas um dono deixou o dele solto, sem guia e sem coleira, na praça onde as crianças brincam. Meu filho ficou apavorado quando o cachorro foi para cima dele. Sei que o golden retriever costuma ser dócil, mas não somos obrigados a passar por isso”, desabafou.

Rafaela disse que acionou o Fala Vitória 156, da Prefeitura de Vitória, e comunicou o caso. Ela foi alertada que uma equipe da prefeitura seria encaminhada ao local. Segundo a dona de casa, enquanto esteve no espaço público, não viu nenhum representante do município.

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Meu filho tem medo. Por causa do autismo, precisa de socialização, lazer e ontem ele não conseguiu ficar lá. Tem espaço para todos. Acho que tudo é uma questão de respeito e bom senso. Tem muito dono de cachorro que entende

Rafaela Dutra
Dona de casa
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A dona de casa costuma passear frequentemente na praça com o menino de dois anos e uma filha de 6 anos. No fim do ano passado, um outro animal, da mesma raça, subiu na mesa em que eles estavam comendo churrasquinho.

Cachorro circula sem coleira ou guia em praça de Jardim Camburi, Vitória. (Rafaela Dutra)

“O dono estava do outro lado da rua, e o cachorro solto. O animal subiu na nossa mesa e tentou abocanhar o churrasco da minha filha. Ela segurou no pelo e impediu que ele comesse a carne. Tomamos um susto. O dono reclamou dizendo que ‘era só darmoa a carne que o cachorro iria embora’. Até demos, mas não é assim que funciona”, disse, sorrindo, ao lembrar da história.

PREFEITURA 

O secretário interino de Meio Ambiente de Vitória, Ademir Barbosa, reforçou que os moradores que presenciarem animais sem guias e coleiras em locais públicos como praias e praças da Capital devem acionar o Fala Vitória 156.

Cachorro sem coleira na Praia de Camburi, em Vitória . (Fernando Madeira)

O texto da lei municipal nº 8.121, de 2011, não é específico quanto à obrigatoriedade do uso de focinheira para animais de grande e médio porte. Questionada, a secretaria informou, por nota, que “que o uso da focinheira é uma orientação como forma de segurança para a condução responsável de cães”.

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A orientação é sempre respeitar o espaço público e seguir o que a lei determina, que é usar a guia e a coleira. Às vezes, você vai à praia ou à praça e algumas pessoas não gostam de animais. Ninguém pode forçar essa convivência

Ademir Barbosa
Secretário de Meio Ambiente de Vitória
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PASSEIO NAS PRAIAS E CALÇADÕES DE VITÓRIA

Em uma passagem pela Praça dos Namorados, e na orla de Camburi, em Vitória, na manhã desta quarta-feira (15), a reportagem de A Gazeta encontrou alguns tutores passeando com os cachorros. No calçadão e na área de grama e restinga da Praia da Guarderia, o grupo abordado alegou conhecer e respeitar a legislação.

PROBLEMA POR NÃO CONHECER A LEI

Simone Vivacqua Figueiredo, Ayla e Shasta (spitz alemã). (Isaac Ribeiro)

A economista Simone Vivacqua Figueiredo, de 55 anos,  já teve problemas por não conhecer a legislação municipal de Vitória relacionada à permanência de animais em áreas públicas. Ela disse que, por usar a guia (espécie de corda) longa, a cadela se aproximou de um pedestre que não queria o contato com o animal. 

Na ocasião, ela se desculpou e mudou a forma como passeia com a Ayla, da raça weimaraner, e a Shasta, da raça spitz. Para a Ayla, que é um animal de grande porte, ela adotou a guia eletrônica. Um equipamento é acoplado ao pescoço dela. Através de um rádio, o tutor pode acompanhar e convocar o animal. O raio de funcionamento é de um quilômetro.

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Ela foi adestrada para se acostumar com o aparelho e agora tem mais liberdade. Nunca mais tive problema, mas busco evitar que elas incomodem as pessoas

Simone Vivacqua Figueiredo
Economista
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ANIMAL SEMPRE PRESO À COLEIRA

Simone Caetano e o Luke. (Isaac Ribeiro)

Moradora de Colatina, noroeste do Estado, a dentista Simone Caetano, de 52 anos, está passando férias na capital. Diariamente, ela passeia com seu shih-tzu na Praça dos Namorados e no calçadão da Praia da Guarderia. Quando não está no colo, segundo a dentista, Luke circula com a coleira e a guia.

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Não acho legal deixar ele solto porque muitas pessoas, inclusive crianças, têm medo de cachorro. Ele é bem dócil e tranquilo, mas não solto em momento nenhum

Simone Caetano
Dentista
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CUIDADO COM CRIANÇAS E OUTROS CACHORROS

Tadeu Bianconi e Thor. (Isaac Ribeiro)

Acompanhado do Thor – cão sem raça definida – o fotógrafo Tadeu Bianconi, 56 anos, frequenta a Praça do Cauê, na Praia de Santa Helena, e também a Praça dos Namorados. Ele afirma que conhece a legislação municipal e que evita passear com seu cachorro solto.

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Sempre defendo o bom relacionamento. Se tiver solto, o Thor pode desagradar ao brincar com alguém ou até mesmo brigar com outro cachorro

Tadeu Bianconi
Fotógrafo
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PASSEIO REGADO À ÁGUA DE COCO

Felipe Bonesi Alvarenga e Kahya. (Isaac Ribeiro)

A felicidade do passeio diário de Kahya, da raça American Staffordshire Terrier, é tomar água de coco com o dentista Felipe Bonesi Alvarenga, de 34 anos.  A cadela de 4 anos não circula sem a guia e a coleira.

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Vejo muita gente com o cachorro solto e que nem é capaz de recolher as coisas que o animal deixa pra trás. Isso tem a ver com respeito e educação

Felipe Bonesi
Dentista
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VÍDEO: REGRAS PARA ANIMAIS EM LOCAIS PÚBLICOS

SAIBA ONDE É PERMITIDO PASSEAR COM O ANIMAL

RISCO AO CONTÁGIO DE DOENÇAS

Com a permissão de acesso às praias, como acontece no caso de Vitória, alguns banhistas questionam a possibilidade de contaminação por meio do contato com fezes ou urina dos animais. A pedagoga Marta Assis de Holanda, de 36 anos, passa férias na capital. Ela e os filhos frequentam a Curva da Jurema e Camburi.

“Minha família ama cachorro, mas tomo cuidado para não pegar nenhuma doença de pele. Aqui em Vitória, nunca vi nenhuma sujeira, mas a gente nunca sabe, não é? Não sei se tem algum cuidado específico”, questionou a turista, moradora de Colatina.

Animais devem ser acompanhados por especialistas. (TJES)

O dermatologista Diego Soeiro disse que a principal medida é prestar atenção à limpeza dos espaços públicos, principalmente, nas praias. Evitar o contato é a melhor alternativa para não ser contaminado com alguma doença de pele.

A veterinária Mayara Simonassi, especialista em dermatologia animal, explicou que o cão vacinado, com exames periódicos em dia e sem nenhuma lesão na pele não oferece nenhum risco à saúde humana, quando presente em espaços públicos.

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“Quando o animal está bem cuidado e é acompanhado por um veterinário, com histórico saudável, não há problema algum ele frequentar locais públicos como as praias. O caso é diferente de animais em situação de rua, quando não sabemos o estado de saúde deles”, destacou.

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