Um grupo de candidatos que pretendem fazer o ensino médio no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) decidiu se mobilizar nas redes sociais após a aplicação da prova de seleção, realizada no último domingo (1º). Eles criticam a qualidade do exame, e têm o apoio de professores na reclamação. Os estudantes apontam problemas em questões de diversas disciplinas e apresentaram recursos contra pelo menos 11 das 50 perguntas.
Há reclamações sobre questões iguais a de outros processos seletivos, e que tratam como plágio, pergunta sem opção correta ou com mais de uma alternativa certa.
No recurso referente à questão 11, de Língua Portuguesa, por exemplo, o enunciado pedia ao candidato que marcasse a alternativa incorreta e, segundo a queixa, haveria três opções. O mesmo problema foi apontado na questão 35, de Química, que teria duas respostas para serem marcadas. Já a 36 era uma reprodução integral de uma questão da Olimpíada Brasileira de Química. Também foram observadas inconsistências em perguntas de Geografia e Matemática e que viraram recurso.
O professor de História de cursinho preparatório, Marcelo Amaral Vieira, viu problema na questão 42 da disciplina porque, segundo ele, está praticamente igual a de uma outra seleção. As mudanças no enunciado, segundo ele, foram muito sutis. "É praticamente uma cópia da questão", observa.
A candidata Raíssa Ayumi Nakao, 16 anos, está tentando pela segunda vez ingressar no Ifes, para fazer o curso de Ferrovias, e disse ter ficado muito decepcionada com o nível da prova. "Por isso, eu e mais alguns alunos decidimos nos unir e falar sobre o que consideramos ser um problema: prova mal elaborada, opções incorretas, questões que induzem ao erro. A gente passa o ano inteiro estudando e, quando se depara com uma situação dessas, é muito ruim. Porque se uma questão é anulada, o ponto vai para todo mundo e aí beneficia até quem não estudou", desabafa.
Esse é um aspecto que a professora de Língua Portuguesa, Débora França, também ressalta, uma vez que o prejuízo maior será para quem se dedicou e que vai receber a mesma pontuação de quem "chutou" as respostas. "O bom aluno gasta muito tempo numa questão que não vai ter resposta porque foi malfeita ou tem mais de uma alternativa, e vai ter os mesmos pontos de quem não estudou. Isso não é justo".
Débora diz que prepara turmas de pré-Ifes há 16 anos, mas os problemas surgiram há três anos após a mudança da banca que elabora as questões. A ponto de, na seleção para o ano de 2018, mais de 10% das questões terem sido anuladas. No ano passado, o problema persistiu e, segundo ela, havia uma expectativa de que, para 2020, houvesse uma revisão na elaboração das provas. "A gente achava que iriam caprichar mais, que fossem acertar a mão depois de tantos problemas e recursos, mas não." Para a professora, os pais talvez tenham que se mobilizar se quiserem ver mudanças nos próximos processos seletivos do Ifes.
O Ifes esclarece, por nota, que as provas dos processos seletivos são elaboradas por profissionais completamente capacitados em suas áreas de conhecimento.
"Eventuais questionamentos sobre questões do Processo Seletivo 2020/1 puderam ser apresentados nos dias 3 e 4 de dezembro, na área do candidato do ambiente de inscrição, conforme descrito no edital do referido processo de seleção. As bancas elaboradoras darão o devido retorno dos argumentos apresentados pelos candidatos que interpuseram recurso dentro do prazo no ambiente de inscrição", diz outro trecho da nota.
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