No final de 2018 a Marinha do Brasil entregou, ainda que parcialmente, o primeiro dos quatro novos submarinos de última geração que farão a proteção da "Amazônia Azul", uma área de mais de 6 mil quilômetros de extensão do litoral brasileiro, onde está boa parte das reservas petrolíferas e também por onde passa 95% de tudo que o país exporta e importa. Uma pequena parcela do êxito alcançado até aqui do audacioso projeto desenvolvido com tecnologia francesa passa pelas mãos do capixaba Angelo Manette Cavalcante, de 35 anos.
Um desses submarinos desenvolvidos no estaleiro onde o capixaba atua, o S-40 Riachuelo, foi o primogênito da nova frota naval do país. O próximo a ser entregue será o S-41 Humaitá, com expectativa de que seja lançado já em 2020. Nascido em Vitória, Angelo coordena uma equipe de 15 pessoas que trabalha na prevenção de acidentes no estaleiro construído em Itaguaí, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Por ser tratar de uma novidade para o país o Brasil nunca havia construído submarinos em sua história, estar inserido em um projeto desse porte é motivo de satisfação ao supervisor de SMS (segurança, meio ambiente e saúde). Para entender a complexidade do projeto, cada um dos quatro submarinos tem cerca de 75 metros de comprimento. Eles demandam três quilômetros de soldas, são compostos por mais de 150 mil peças e pesam 2,2 mil toneladas, segundo informações da Marinha do Brasil.
Estar em um estaleiro que conta com cerca de dois mil colaboradores e com novas rotinas e metodologias requer atenção diferenciada. São nos detalhes mínimos que as ações são desenvolvidas para evitar acidentes, que podem, além de colocar a vida dos trabalhadores em risco, causar atrasos na montagem dos submarinos.
"O empreendimento envolve grande operações, movimentações de cargas pesadíssimas. Trabalhamos em altura, em espaços confinados como tanques. Existem alguns desafios que a gente precisa 'sair da caixa' e desenvolver novos mecanismos para atuar diretamente na prevenção, pois é tudo novo. Felizmente conseguimos desenvolver uma cultura preventiva muito alta e, com isso, reduzimos o número de acidentes e perdas nesses quatro anos de projeto. Então, hoje, nossa atuação está focada nos pequenos detalhes, porque os grandes nós já temos o domínio tecnológico muito forte. Fazemos um trabalho forte na conscientização do indivíduo. Nas grandes operações nunca tivemos perdas, porém são nas menores onde eles mais ocorrem", explicou.
Além do S-40 Riachuelo e o S-41 Humaitá, o estaleiro já trabalha no desenvolvimento de outros dois submarinos, o S-42 Tonelero e também o S-43 Angostura. A expectativa é que todos sejam entregues, testados e que entrem em operação até 2023. Além destas quatro embarcações, o país desenvolve um quinto submarino, este nuclear, mas o projeto ainda está na fase de desenvolvimento do reator. Este último, menor que os outro quatro, deve ser finalizado apenas em 2029. O investimento total ao longo dos 20 anos de projeto é na ordem de R$ 37 bilhões.
Atualmente, a Marinha brasileira conta com quatro submarinos da classe Tupi os novos são da categoria Scorpéne de tecnologia alemã e comprados ainda na década de 70.
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