> >
Capixaba que mora na China conta como é viver no país do coronavírus

Capixaba que mora na China conta como é viver no país do coronavírus

A Gazeta entrevistou Michele Rebello, que vive há seis anos e meio no centro-sul do país, na quarta cidade com mais casos de contaminação pelo vírus

Publicado em 25 de janeiro de 2020 às 20:34

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Passageiros com máscaras protetoras em estação de trem de alta velocidade em Hong Kong. (Kin Cheung/AP)

A capixaba Michele Rebello está vendo de perto a epidemia de coronavírus na Ásia que colocou todo o mundo em alerta.  Ela é de Vitória que trabalha como diretora de arte e produtora de mídia e vive há seis anos e meio na China, mais precisamente na cidade de Chongqing, no centro-sul do país, próximo de Wuhan, área mais contaminada pelo coronavírus. Em conversa com A Gazeta, ela contou como é viver no país em meio à doença e como a imprensa local tem tratado os casos. Confira abaixo a entrevista na íntegra.

O que vem sendo dito pela imprensa local chinesa sobre o vírus?

  • As notícias sobre o coronavírus começaram a ser publicadas há mais ou menos 10 dias. Desde então, todos os dias temos informações novas passadas tanto pela televisão, quanto por mensagem de texto. Todas as mensagens são no sentido de explicar o que deve ser feito para a gente se prevenir contra o vírus. Diariamente a imprensa solta informações sobre o número de pessoas contaminadas, as que morreram e quem seriam as que correm maior risco. Recebemos mensagens de texto diretas ou por meio de aplicativos de mensagem. Especialmente nós, estrangeiros, conseguimos ter essas informações todas a partir de um aplicativo parecido com o WhatsApp, que é o WeChat, já que aqui não é usado WhatsApp. O que percebi é que nesses 10 dias o tópico mais repassado é relacionado ao coronavírus.

Você conhece alguém infectado?

  • Eu não conheço nenhuma pessoa que tenha sido infectada pelo vírus, mas na cidade de Chongqing, onde vivo, já existem alguns casos e eles estão aumentando. Pelo que ficamos sabendo, é a quarta cidade da China com o maior número de infectados, e Wuhan não fica tão longe daqui. A questão é que Wuhan tem uma quantidade enorme de trens, sendo a maior área de entrada e saída ferroviária do país, porque fica no centro. Então, esse vírus começou a ser compartilhado por ali. Todos os trens passam por lá, o que fez com que a contaminação fosse muito grande.

Como as pessoas têm se comportado para evitar a contaminação?

  • As pessoas estão se comportando de maneira muito tranquila, passando informação de umas para as outras. Todas usam máscaras, os estabelecimentos oferecem álcool em gel, principalmente em locais de compras, como restaurantes e cafeterias. Somos aconselhados a usar o álcool a cada 30 minutos ou uma hora, devemos sempre usar e não colocar os dedos no rosto ou na boca, e se tivermos qualquer sintoma devemos procurar imediatamente o médico. O sintoma mais recorrente é a febre. Quem tiver, já deve procurar o hospital. Aqui na cidade eles deram lista de alguns hospitais que as pessoas podem ir caso imaginem que foram contaminadas. Essa é uma parte muito boa, muito organizada da China. Hoje são 20 milhões de pessoas que não podem sair das suas cidades, que ficaram isoladas e que as cidades não vão abrir fronteiras. As duas cidades isoladas são Wuhan e Huanggang, localizada na província de Hubei. Muitas cidades já estão com alguns casos, mas é muito difícil averiguar a quantidade de pessoas no total que estão infectadas e das que já morreram.

Como é o clima de preocupação?

  • O clima é de preocupação controlada, porque todos estão fazendo sua parte. A chance de ter a disseminação diminuída é maior assim. Mesmo as crianças usam máscaras, os adultos, idosos, todo mundo. Todos têm tomado as medidas necessárias.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais