Erramos: Na primeira versão desta matéria, publicada 08/01/2020, às 05h, foi divulgado que em dois municípios da Grande Vitória foram registrados 1.619 casos de gastroenterite nos primeiros sete dias de janeiro de 2020, sendo 1.073 em Cariacica e 546 em Vila Velha. Porém esses números são referentes ao mês de janeiro de 2019. A informação foi corrigida 08/01/2020, às 11h20.
Com a chegada do verão e as altas temperaturas, o surgimento de algumas doenças se torna mais comum, como a gastroenterite, e a procura por atendimento nos postos de saúde aumenta de maneira significativa. Em Guarapari, cidade procurada por muitos turistas no verão, várias pessoas apresentando vômito, náusea e diarreia estão dando entrada nas unidades.
Esses são os sintomas mais comuns da doença, aponta a infectologista Rubia Miossi. Ela explica que a gastroenterite é uma infecção do estômago e do intestino provocada por vírus ou bactéria. A doença pode acontecer em qualquer época do ano, mas ganha força durante o verão. A estação se torna o ambiente mais propício para a proliferação da doença devido às chances de contaminação dos alimentos aumentada pelo calor.
Os sintomas se apresentam pela ingestão de alimentos e água contaminados, as altas temperaturas. O acondicionamento incorreto de alimentos facilita a proliferação desses microrganismos, disse
A reportagem de A Gazeta esteve na Upa de Guarapari, na manhã de ontem, e encontrou dezenas de pessoas com sintomas da doença esperando atendimento. A professora Elizabeth Campos Zatta, de 62 anos, mora em Governador Valadares, em Minas Gerais, mas todo ano vai para Guarapari no verão com a família. No sábado (3), ela e mais seis pessoas foram para praia e, ao retornarem para a casa que estão, os dois netos começaram a vomitar e ter diarreia. Horas depois, ela, o marido e mãe dela também começaram a passar mal.
A dona de casa Isabela Júnia, de 26 anos, os dois sobrinhos, o filho e a cunhada chegaram no município de Guarapari no sábado (3) e, no dia seguinte, começaram com os sintomas da doença. "Eu não sei o motivo, pode ter sido alguma coisa que eu comi ou a água da praia. No dia que cheguei, a água do mar estava preta por causa da chuva, disse.
O balconista de uma farmácia em Guarapari Ivan Carlos Vieira Severgnini, de 40 anos, disse que a procura por medicamentos para gastroenterite foi tanta que os remédios acabaram no final de semana. O mesmo aconteceu em outra farmácia do município visitada pela reportagem. A demanda aumenta nesta época do ano, mas a procura foi tão grande que acabou nas farmácias que ficaram abertas. Na segunda-feira (6), recebi duas ligações e não tinha, os remédios chegam nesta terça-feira, contou.
O médico Infectologista e professor do curso de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Paulo Mendes Peçanha, explicou que a doença pode causar a desidratação, principalmente em crianças e idosos. Por isso, nesse período é importante beber bastante líquido e consumir alimentos de fácil digestão.
A doença é desconfortável em todas as idades, mas as crianças e os idosos são mais sensíveis aos casos de desidratação. Quando são causadas por bactérias pode ter uma evolução mais grave e sintomas mais intensos, disse.
Rubia acrescentou que a doença dura em média de 5 a 7 dias. O médico deve ser procurado perante o agravamento na intensidade ou duração dos sintomas, como presença de sangue ou pus nas fezes, febre e se o quadro durar mais de uma semana.
As prefeituras da Grande Vitória ainda não possuem os dados de 2020. Somente em 2019 foram ao menos 21.320 casos de doenças diarreicas agudas, entre elas a gastroenterite. Alguns municípios, como Guarapari, Vila Velha e Serra não registram especificamente a quantidade de casos de gastroenterite, mas das doenças diarreicas. Em Vila Velha foram 6.255 casos entre janeiro a novembro de 2019. Já a Serra teve 6.839 registros. Vitória e Cariacica mandaram os dados específicos da doença, na Capital foram 3.338 casos de gastroenterite, Cariacica teve 4.888 registros. Guarapari não passou os dados de 2019 porque não terminou o balanço.
A Prefeitura de Vila Velha disse, por nota, que "não houve surto de doença em 2020". O executivo considera surto quando ocorrem dois ou mais casos de diarreia, relacionados entre si, após a ingestão de alimentos ou água da mesma origem. Não percebemos elevação no número de casos de doenças diarreicas. O programa Vigiagua, que realiza o monitoramento da qualidade da água no município, não detectou nenhuma alteração na qualidade da mesma, disse em nota.
A Prefeitura de Cariacica também informou, por nota, que até o momento não está vivendo um surto. As atividades de monitoramento das doenças diarreicas agudas são realizadas através da integração efetiva entre a área de Vigilância Epidemiológica com as demais áreas responsáveis pelo assunto.
A Prefeitura da Serra afirmou que o município monitora os casos suspeitos. O executivo contabiliza os casos de diarreia, o que inclui a gastroenterite. Em 2019, de janeiro até a segunda semana de dezembro, foram notificados 6.839 casos.
"É comum o aumento de notificações de diarreia no final do ano, em razão das altas temperaturas. As equipes das unidades de saúde e das UPAS são treinadas para monitorar, tratar e orientar a população quanto à prevenção deste agravo. Entre as orientações estão: lavar as mãos muitas vezes; conservar bem os alimentos; tratar a água para consumo; beber bastante água, entre outras", disse a prefeitura, em nota.
Guarapari informou, através de nota, que no verão os casos são associados ao aumento do número de pessoas na cidade, alta temperatura e alimentação inadequada. O município ainda não contabilizou os dados deste ano.
"Neste período, a população no município aumenta em até 10 vezes. Durante todo o ano, incluindo a alta temporada, todas as unidades de saúde possuem atendimentos de orientações quanto a prevenção de diarreias. Caso apresentem algum dos sintomas buscar as unidades de atendimento e pronto atendimento", disse.
Já a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) de Vitória informou que foram registrados 3.338 casos aproximados como gastroenterite na Rede Bem Estar no ano de 2019, mas que ainda não há dados de 2020. A Semus ressalta que os pronto-atendimentos de Vitória não atendem apenas pessoas que moram na Capital, o que impacta também no número total de atendimentos.
"Para prevenir as Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs), a Vigilância Sanitária de Vitória, através do Núcleo de Educação Sanitária (NES), está atuando na orla da capital a fim de levar informações e orientações educativas sobre o consumo de alimentos de forma segura. A ação teve início no dia 14 de dezembro em Camburi e vai até o dia 29 de fevereiro", esclareceu.
Não consumir alimentos preparados sem higiene e mantidos sem refrigeração. Procure locais fiscalizados pela Vigilância Sanitária. Cuidado com a ingestão de raspadinhas, sacolés, sucos e água de procedência desconhecida, pois eles podem ter sido preparados com água contaminada e sem a higiene necessária.
Quando levar alimentos para a praia, garanta que eles estão bem protegidos e com a conservação térmica adequada.
Não tome banho em praias impróprias ou em rios e córregos poluídas. Especialmente em época de chuva, o risco se agrava devido ao espalhamento de lixo e esgoto, aumentando as áreas com poluição.
Lave as mãos frequentemente com água e sabão, principalmente depois de ir ao banheiro, antes e após a preparação dos alimentos e das refeições. A higienização das mãos são muito importantes para evitar a transmissão de doenças diarreicas agudas.
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