O Espírito Santo registrou nos últimos três anos o aumento no número de casos de suicídio de crianças e adolescentes. Segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em 2017 foram notificadas 10 mortes de pessoas de 10 a 19 anos. No ano seguinte, foram 13 casos e, agora em 2019, já são 16 mortes autoprovocadas. O aumento na incidência é motivo de preocupação.
Desde 2007, 122 crianças e adolescentes desta faixa etária cometeram suicídio no estado. O pior ano foi 2012, que registrou 18 casos. Em 2013 foram 5, em 2014, 10 casos, em 2016, 3, em 2017, foram 10 mortes e desde então o índice não para de subir. Situação que tem preocupado especialistas em saúde mental.
O médico psiquiatra da infância e adolescência Fausto Amarante, alerta que o suicídio é um problema de saúde pública que deve ser debatido. Ele indica que entre as causas está a depressão, doença que vem se tornando comum em nossa sociedade. E afirma que o adoecimento psíquico entre os jovens está relacionado ao acúmulo de estresse e ainda as falsa demandas da busca pela felicidade presentes na publicidade.
Desde de 2009 o Brasil registrou um aumento exponencial em casos de suicídio. O índice saltou de 1,95 casos por 100 mil habitantes para 3,12, em 2017, segundo informações do relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef.
A coordenadora do Unicef, na Região Sudeste, Luciana Phebo afirma que os casos de suicídio vem aumentando ano a ano no país, entretanto ela alerta para outro problema, que é a subnotificação, que é quando não é registrado o suicídio como causa da morte para os órgãos oficiais de saúde publica.
De modo geral, há um crescimento importante no número de suicídios entre crianças e adolescentes nos últimos 10 anos no Brasil. Passou de 714 mil para 1047. Mas essa é só a ponta do iceberg: embaixo da água existem as subnotificações, muitos casos que não ficamos sabendo, alertou.
E não é só o número de mortes por suicídio que vem aumentado no estado. Outro dado preocupante é o crescente índice de notificações de lesões autoprovocadas intencionalmente também por pessoas de 10 a 19 anos. Em 2017 o Espírito Santo registrou 565 casos, em 2018 o número saltou para 1029 lesões, e em 2019 já são 1250 casos.
O médico psiquiatra Fausto Amarante, alerta que o crescente índice de lesões autoprovocadas pode estar relacionado ao isolamento entre pais e filhos.Ele detalha que a falta do contato humano pode ser prejudicial ao desenvolvimento psíquico das crianças, em que elas não aprendem a lidar com diversos sentimento como a tristeza, as decepções, e até a felicidade, e que diante disso elas se cortam para sentir algo, mesmo que seja a dor.
Os pais estão se isolando de uma lado e os filhos ficam isolados do outro, todos nos aparelhos celulares. Se perdeu a relação de afeto e as crianças estão cobrando cada vez mais. Elas estão buscando esse espaço de contato. É uma geração que não se sente amada. Não se sente protegida e a automutilação não é para chamar atenção é busca do sentir, alertou o médico psiquiatra.
Segundo os médicos, as crianças e o adolescentes manifestam sinais que indicam a depressão, como o isolamento, o baixo rendimento escolar e esportivo e mudanças no hábito alimentar. Características que devem ser observadas para se buscar ajuda de um profissional.
Os pais precisam manter o contato com seus filhos. Observar comportamentos e também seu corpo, porque esses sinais são graves. Os sinais da auto mutilação, são sinais que realmente o adolescente está pedindo ajuda, alertou.
O médico psiquiatra Vicente Ramatis, afirma que além da família, pessoas próximas precisam também se atentar as falas de quem pode ter depressão e não manifestar as características citadas acima.
Pode ser uma depressão grave, mas muitas vezes é uma depressão leve em que o indivíduo faz as coisas. Mas ele está desesperançosos com as coisas, pessimistas e geralmente têm as palavras palavras chaves no discurso dele como a minha dor está cada vez mais insuportável, Eu não vejo saída, Eu não acredito mais em soluções, disse.
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