O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) recolheu todos os rótulos das cervejas produzidas pela Backer e vendidas no Espírito Santo para realizar uma análise em laboratório. O objetivo é verificar se há presença de dietilenoglicol em lotes que chegaram no Estado.
Segundo o superintendente do Mapa no Espírito Santo, Aureliano Nogueira da Costa, amostras de todos os lotes serão encaminhadas para Belo Horizonte, Minas Gerais, onde a investigação está sendo realizada.
Na tarde desta quarta-feira (15), o Ministério da Agricultura anunciou que a água usada na produção da cerveja Belorizontina estava contaminada. Durante análise, foi identificada a presença de dietilenoglicol em diversos tanques da cervejaria Backer.
Até o momento, a substância tóxica foi encontrada em seis lotes da Belorizontina e um da Capixaba, mesma cerveja da Backer, mas vendida com rótulo diferente no Espírito Santo. O lote da Capixaba estava lacrado, dentro da fábrica, e tinha como destino o ES, um dos principais consumidores dos produtos da cervejaria, segundo Aureliano.
"O Espírito Santo é um dos principais consumidores da cerveja Backer, que até criou uma versão da Belorizontina para atender o mercado capixaba. Como tem grande comercialização, o Ministério da Agricultura criou uma força-tarefa para notificar todos os estabelecimentos que vendem a marca no Estado para recolher os produtos disponíveis para venda", relatou.
A força-tarefa teve início na última sexta-feira (10) e deu prazo para que os estabelecimentos recolhessem até hoje todos os produtos da Backer. Os lotes devem ser armazenados nas centrais de distribuição e estão impróprios para serem comercializados até a liberação do Ministério da Agricultura. O local que não cumprir a notificação será autuado.
"A partir de amanhã, oficialmente, nenhum estabelecimento pode ter cerveja da Backer, nenhum rótulo, nenhum lote. Se tiver, estará ilegal, sujeito a multa. Os rótulos não podem estar exposto e muito menos serem vendidos", ressaltou.
Aureliano explica que as pessoas que ainda tiverem cervejas da Backer podem procurar o estabelecimento onde compraram para fazer a devolução. Elas serão ressarciadas pelo produto. Conforme orientação da própria diretora de marketing da Backer, Paula Lebbos, as pessoas não devem consumir a cerveja.
Já no início de 2020, a existência de uma doença misteriosa, que causava problemas renais e neurológicos, em Minas Gerais, começava a ser investigada em Minas Gerais. Oito pessoas haviam sido internadas com os mesmos sintomas na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O caso evoluiu, e com ele a descoberta de que a doença misteriosa, na verdade, era uma intoxicação causada pela substância dietilenoglicol, usada no processo de resfriamento na fabricação de cerveja.
Após análises da Polícia Civil, o composto, que é tóxico, foi encontrado em amostras da cerveja Belorizontina, da cervejaria Backer. Posteriormente, a presença da substância também foi confirmada no rótulo Capixaba, da mesma cervejaria e produzida no mesmo tanque.
Até quarta-feira (15), 17 casos e duas mortes estavam sendo investigados por suspeita de intoxicação por dietilenoglicol. Destes, quatro já foram confirmados, entre eles o do engenheiro capixaba Luiz Felippe Teles Ribeiro, 37 anos, que está internado em estado grave em Belo Horizonte, onde mora com a mulher.
O sogro dele, o bancário Paschoal Demartini Filho, 55 anos, morreu e foi a primeira morte confirmada do caso. Uma segunda morte foi divulgada pela Polícia Civil nesta quarta-feira. A morte de uma idosa em Pompéu, no interior de Minas Gerais, está sendo investigada, mas a relação com a doença ainda não foi oficialmente confirmada. Para saber mais sobre o caso, clique aqui.
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