Dois dias após o temporal que atingiu a Grande Vitória, bairros de Viana continuam debaixo d'água. Com 102 desabrigados, a cidade tem, na Grande Vitória, o maior número de pessoas fora de suas casas por causa das chuvas .
Alguns desses moradores que tiveram que deixar as próprias casas já enfrentaram três enchentes em menos de cinco meses. Eles nem tinham recuperado todos os móveis que perderam nos últimos alagamentos até o ocorrido no último final de semana.
Há registros ainda de alagamentos nos bairros Santa Terezinha, Santo Agostinho e Verona. Nessas comunidades, alguns moradores estão isolados desde domingo (01), como a aposentada Benedita Neri de Jesus, de 91 anos, que está "presa" no segundo andar de casa. "Não dá pra sair de casa. Não consigo nem tomar banho porque não tem banheiro aqui em cima", conta.
Alguns moradores conseguiram voltar para casa nesta terça-feira (03), como o técnico em segurança do trabalho, José Lira Alvarenga, de 40 anos, que teve que sair com o tio - que é deficiente físico e tem 53 anos - de casa também no domingo.
"Desde que ele nasceu, ele está sem andar. É a terceira enchente neste ano que a gente precisa sair às pressas carregando ele. Na hora é uma correria porque nem sempre tem alguém para ajudar" explicou
Quem não conseguiu voltar ainda para casa e não tem para onde ir, fica em um abrigo montado pela prefeitura no CMEI Professora Biluca. O servidor público Elias Nascimento, de 53 anos, é um deles. Ele e a esposa perderam quase todos os móveis que tinham comprado recentemente.
"Em novembro, perdemos tudo. Em dezembro, conseguimos comprar parte dos móveis que perdemos. No início do ano, conseguimos salvar os móveis de outra enchente, mas agora perdemos quase tudo novamente. Três enchentes consecutivas. Não sei nem o que fazer", desabafou.
Outro desabrigado é o também servidor Nilton Calmon, de 43 anos. Indignado, ele diz que não aguenta mais passar por isso. "A Defesa Civil orienta a gente a não morar lá e buscar um lugar melhor. Mas vocês acham que a gente mora lá porque quer?", questiona.
Situação caótica também passa a dona de casa Dalva Carneiro, de 56 anos. A água tomou conta de todo o interior da residência dela, que, sem opção, se viu obrigada a deixar o lar.
"Foi um temporal. Choveu a noite toda, bastante água. Alagou tudo. Meus vizinhos que me ajudaram a tirar as coisas porque moro sozinha com um menino de 13 anos. Está tudo revirado lá dentro, meu sofá foi embora", desabafou.
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