Há três anos, Fábio Mengali, 30 anos, foi atropelado por um carro guiado por um motorista embriagado quando andava de bicicleta, em Vila Velha. O acidente o deixou paraplégico. Até hoje, ele nunca recebeu qualquer ajuda do motorista e, agora, luta na Justiça para ter um auxílio mínimo.
Na direção do carro estava o estudante de Direito Pedro Paulo Cunha de Souza Vivas Ferreira, 24 anos, que havia saído de uma boate. O acidente acontece no dia 8 de outubro de 2016, por volta das 5h30, na orla da Praia da Costa. Fábio havia saído para pedalar 30 quilômetros como fazia todos os dias quando foi atingido pelo carro de Pedro.
Fábio permaneceu 18 dias na Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) e ficou mais 45 internado até sair de cadeiras de rodas do hospital e ir pra casa. Oito meses depois, teve uma infecção generalizada devido a ferimentos nas costas provocadas durante o tempo de internação.
Desde o dia do acidente, a vida de Fábio e de toda a família mudou completamente. Servidor público da Prefeitura de Cariacica, Fábio foi aposentado por invalidez. Ele morava com o pai, a mãe e a irmã no quarto andar de um prédio. O dinheiro da poupança dos pais dele, que seria usado em uma viajem, teve que ser usado para a construção de uma nova casa no térreo e adaptada para cadeirante. O local da nova casa era a oficina do pai do rapaz, que teve que se desfazer do negócio.
Apesar de todo apoio, a família adquiriu dívidas para bancar todas as novas necessidades de Fábio. Remédios, sondas, curativos e tudo mais que se tornou essencial para a família são pagos por eles dentro do possível. Além disso, é o pai de Fábio que o ajuda nos exercícios que tem que fazer, já que a família não tem como pagar por acompanhamentos.
O rapaz contou que nunca teve sequer contato com o causador do acidente, quem dirá receber qualquer ajuda financeira. Por isso, a família entrou na Justiça. Ele nunca me procurou, nunca sequer teve coragem de olhar nos olhos. Quem perdoa é Deus. Eu quero que ele cumpra o mínimo que ele a Justiça determinar. Pela forma de agir dele, nunca se importou comigo", desabafou Fábio, revoltado.
O motorista Pedro Paulo chegou a ser condenado em ação penal pelo crime de lesão corporal grave. Antes da sentença, ele foi preso em maio de 2018 por descumprir a ordem da Justiça que o impedia de dirigir devido ao acidente. Ele foi solto no final de 2018. A sentença de 4 anos e 6 meses foi dada meses antes, determinando que cumprisse no regime o aberto.
"É uma pena baixa visto que ele já tinha uma multa no histórico dele antes do acidente dirigindo bêbado e descumpriu a outra ordem após o acidente", observou o advogado do servidor público, Fábio Marçal Vasconcelos.
Indignada com a situação, a família de Fábio Mengali entrou na Justiça com pedido de danos morais e materiais para tentar suprir um pouco as necessidades da vítima. "Ele pagar me daria um conforto, tanto psicologicamente quanto por conta das minhas condições, em relação a medicamentos, cuidador e tudo que preciso para a minha saúde", afirmou o rapaz.
Em fevereiro deste ano, a Justiça determinou, em tutela de urgência, que Pedro Paulo pagasse R$ 2 mil por mês a Fábio para custear os tratamentos. Nenhum centavo foi pago. O advogado de defesa entrou com recurso no Tribunal de Justiça do Espírito Santo, que foi negado. Agora, um novo recurso foi interposto no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Para quem precisa ver a vida de outro jeito depois do acidente, fica a indignação. "Eu me vejo desolado nessa situação. Vejo as pessoas caminhando na rua de um lado para o outro e eu preso. Só espero a hora da minha morte, quero só descansar em paz", desabafa Fábio Mengali.
A reportagem entrou em contato com o advogado de Pedro Paulo mas ele não nos retornou até a publicação da reportagem.
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