Diagnosticar doenças é uma das atribuições que o médico tem na rotina de trabalho, mas desde o final de janeiro Ana Carolina Cavalieri Milanez se viu forçada a inverter os papéis. Diagnosticada com uma doença rara, a anemia aplástica, a jovem teve que, por enquanto, deixar de lado a especialização em Psiquiatria, que fazia em Campinas, no interior de São Paulo, para cuidar da própria saúde. Era então o início de uma série de exames até encontrar o diagnóstico preciso da doença. Nove meses depois, a agora paciente mobiliza o máximo de pessoas possíveis na busca por um doador de medula compatível para prosseguir com o tratamento e ficar curada.
A anemia aplástica, também conhecida como aplasia medular, é uma rara doença hematológica que limita a produção de células sanguíneas na medula óssea, afetando diretamente os elementos que compõem o sangue: os glóbulos vermelhos, brancos e também as plaquetas. No Brasil, a doença acomete 1 a cada 1 milhão de pessoas.
"Eu tinha uma vida saudável. Trabalhava, estudava, vivia ao lado do meu marido e estava me especializando. Como médica, estou acostumada a dar os diagnósticos e não ser diagnosticada, ainda mais com uma doença rara. Foi um choque quando descobri, pois inicialmente achava se tratar de uma infecção ou uma enfermidade menos impactante", disse Ana Carolina.
De fato a médica tinha motivos para não acreditar inicialmente que não fosse algo grave visto os primeiros sintomas. "Eu tive uma infecção intestinal, passei mal, fui ao médico e fiz alguns exames, entre eles um hemograma. Minha plaqueta estava em 100 mil, quando o normal para uma pessoa saudável é ter, no mínimo, 150 mil plaquetas por milímetro cúbico de sangue. Isso foi já em fevereiro, mas até então não me assustou, acreditava ser uma infecção comum que, entre os outros efeitos, também diminuiu as defesas do corpo", disse.
Nesse período, Ana passava um período de férias, em Vitória, e dias depois retornou a Campinas. Por lá, a doença evoluiu e a médica apresentou um quadro de anemia. "Em busca de um diagnóstico preciso, ela passou por novos exames, entre eles uma biópsia de medula pelo quadril. Na análise do material coletado da medula e do fragmento ósseo, veio o diagnóstico certo.
Com a confirmação do quadro clínico, a médica se viu forçada a deixar de trabalhar e também a residência médica. "No fim de maio eu tive de me afastar. Não poderia mais manter minha rotina em um hospital, pois corria o risco de contrair uma infecção hospitalar, pois minha imunidade está muito baixa, minhas plaquetas agora estão em 20 mil. De um dia para o outro, tive de arrumar minhas coisas e voltei para Vitória. Felizmente meu marido conseguiu transferência para cá. Foi uma mudança brusca, porém necessária", detalhou.
Por ser jovem e nunca ter feito transfusão de sangue, Ana Carolina tem boas chances de se curar caso encontre um doador compatível. "Minha irmã tem compatibilidade de 50% e pode ser uma opção, mas o ideal é conseguir alguém com a maior compatibilidade possível. Fiz o cadastro no banco de medula e agora estou atrás de uma pessoa que tenha a compatibilidade com minha medula. Infelizmente poucas pessoas se colocam como doadores, pois existe um receio em relação ao procedimento. Não é nada invasivo, é retirada uma pequena quantidade do líquido medular. É simples e muito seguro. Ainda assim não me sinto desafortunada. Tenho fé em Deus que encontrarei alguém, mas é preciso conscientizar as pessoas sobre a importância de se cadastrar, pois pode salvar vidas".
Enquanto não encontra um doador, Ana já analisa o outro caminho apontado pela equipe médica que a assiste, feito por meio de medicação. "A outra possibilidade de tratamento é através de um remédio, a linfoglobulina de cavalo, que é importada. Não há essa medicação no Brasil. Minha saúde ainda está boa, embora em alguns momentos sinta fadiga, fraqueza e apareça com alguns hematomas pelo corpo. Ainda tenho uma segurança em aguardar por um período até encontrar um doador. Caso não, devo partir para essa outra opção. Caso faça o transplante de medula, minhas possibilidades de cura são de 95%", destacou.
Para ser um doador de medula óssea é preciso ter idade entre 18 e 54 anos. Ao realizar o cadastramento, é coletado um tubo de sangue (5 ml) para o teste de compatibilidade, conhecido como Histocompatibilidade (HLA). Não é necessário estar de jejum como necessário em outros procedimentos médicos. No Estado é possível se cadastrar em cinco pontos, são eles:
Avenida Marechal Campos, 1.468, Maruípe, Vitória . De segunda a sexta-feira, das 7h às 17h30, e aos sábados das 7h às 17h . (27) 3636-7920/7921
Avenida Eudes Scherrer Souza (anexo ao Hospital Estadual Dório Silva) . de segunda a sexta-feira, das 7h às 15h30 .(27) 3338-7373
Avenida João Felipe Calmon, nº 1.305, Centro (ao lado do Hospital Rio Doce) . De segunda a sexta-feira, das 7h às 12h30 . (27) 3171-4361
Rua Cassiano Castelo, s/nº, Centro . De segunda a sexta-feira, das 7h às 12h30 . (27) 3177-7930
Rodovia Otovarino Duarte Santos, Km 02, Parque Washington .De segunda a sexta-feira, das 7h às 12h30 . (27) 3767-4135
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